Pular para o conteúdo principal

Poema: MARIGHELLA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES!

Marighella!

És para mim exemplo de homem, de cidadão e de guerreiro,
Já refutando Juracy Magalhães em teu poema nos tempos da Escola Técnica,
Sendo preso e rechaçado, fazendo poesia, livros e conscientizando-nos
[ por léguas.

Marighella, nasceste estrela, nasceste em terra de festa,
Nasceste na Bahia, filho de imigrante italiano e filha de escrava forra.
Teu sangue nasceu da mistura negra e do sangue quente e revolucionário
[ de Emília,

Ítalo-brasileiro nato e brasileiro das injustiças.
Muitos te chamaram de assaltante, terrorista,
Mas tudo era legítimo naqueles anos de chumbo,
De escuridão, ideias monossilábicas, turbação.

Baiano, ganhaste o mundo e o Brasil contra aquele submundo,
Que muitos livros de história insistem em não contar,
Em faltar com a verdade, em não expô-la para quem desejar.

Marighella, tua estrela é sempre eterna,
Tua semente, no plantio de várias primaveras,
Tuas ideias como colheita nos outonos dos que te veneram.

Mesmo morto, não serás rei posto,
E nem tombaste em vão,
Mesmo com tanta falta de vergonha e covardia,
Do DOPS, Fleury e sua tirania,
Que jogaste os Direitos Humanos de Genebra
Na cova de um regime de mesquinharia,
Tais direitos esconjuraram este cemitério de mentiras,
E hoje está vivo nas instituições, no povo e na democracia.

Serás mártir desta inconfidência,
De um mundo com mais decência,
Com distribuição de renda, de recursos, de terras,
Já que nossa terra é vasta e imensa.

Mesmo alvejado na Alameda Casa Branca,
Em São Paulo, naquele quatro de novembro de sessenta e nove,
Será sempre lembrado como herói contra a ditadura,
Junto com Lamarca, com os intelectuais exilados e os que caíram nesta
[ luta.

Hoje faz quarenta anos que tua morte virou eternidade,
Que o inferno daquele dia se tornou um céu de verdade,
Cheio de estrelas nesta Compostela de saudade,
Do teu brilho, da tua verdade e da tua límpida coragem.

Vivemos ainda repletos de mentiras,
Teu nome ainda não consta dos livros de História nas escolas,
Só para os que muito fuçam e pesquisam.

Mas nunca sairás da minha mente,
Do meu coração e da minha vigília,
Como homem íntegro pelos teus ideais,
Não como bandido como estás,
Injustiçado pelo País que não preserva sua História,
E a joga debaixo de tudo, da verdade e de suas “pseudo” obras.

Mesmo rechaçado por tuas atitudes,
Já que contam somente um lado da História,
Para mim e para todos que o conhecem,
Teu nome é reflexo da virtude e da vitória,
Pois quando das tuas ações libertadoras
Era legítimo naquele momento,
Em que a ditadura tratava tudo à base da força,
Realmente era legítimo, nas palavras de Santo Agostinho,
Pois quando um país vive no abismo
E névoa do totalitarismo,
O uso da luta armada nesta exceção
É a chave para sair desse litígio,
Desde que esgotado as chances de diálogo,
E a democracia esteja em reclusão e ferida,

Mas a verdade um dia aparecerá,
Aí ficará tudo justo, tudo quites
Com o teu verdadeiro dizer.

Nunca sairás do nosso pensamento,
Pois ninguém pode nos arrancar o conhecimento
De quem foste de verdade.

Marighella, és um homem que lutaste por um Brasil melhor,
Apesar de teu nome estar um nó,
Sairás de nossa mente para o todo,
E não ficarás neste pormenor,
Sairás do ostracismo histórico,
Para ser conhecido por todos,
E raiva dos inglórios, dos que nos alienam,
E dos coronéis que hoje estão sós.

Serás, certamente, não mais uma página virada,
Naquela noite da alameda sanguinária,
Em que o Repórter Esso anunciava tua derrocada,
Pois teu nome e teu feito não ficarão mais à margem.
Sairás de nossas mentes para que todos te conheçam,
E serás o baluarte de um Brasil novo e de um novo renascer.

9/04/2010

Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poesia em Domínio Público - Soneto 013 - Camões

Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frescas águas de cristal, que em vós os debuxais ao natural, discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, não me alegrem verduras deleitosas, nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades de meu bem. Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Artigo: Crítica de Maquiavel ao Governo Dilma

Uma vez ganha à eleição presidencial de 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) terá que promover mudanças tão inúmeras quanto difíceis quanto díspares entre si para almejar se manter no poder no próximo pleito de 2018. Entre elas, dialogar politicamente com a sua base para impor sua agenda; promover mudanças no seio da política econômica para colocar novamente o Brasil na rota de crescimento econômico, com redução da inflação que corrói o poder aquisitivo dos mais pobres, e já irrita volúvel humor da classe média, correndo o risco de ter que fazer uma política ortodoxa, e um ajuste fiscal (menos gasto público e/ou mais imposto) que seja cirúrgico na medida para não desempregar, e ao mesmo tempo fazer o país crescer, além de ter que lançar mão de uma maior taxa de juros (já em 11,25% ao ano) para conter a inflação, o que implica em desmerecer o investimento produtivo no emprego e na renda. Dizem que é o que Lula defende: uma política ortodoxa (política econômica, portanto, à direit

Poema: MARIGHELLA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES!

MARIGHELLA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES!* Marighella! És para mim exemplo de homem, de cidadão e de guerra, Já refutando Juracy Magalhães em teu poema nos tempos da Escola Técnica, Sendo preso e rechaçado, fazendo poesia, livros e conscientizando-nos por léguas. Marighella nasceste estrela, nasceste em terra de festa, Nasceste na Bahia, filho de um italiano imigrante e de uma filha de escrava. Teu sangue nasceu da mistura negra e do sangue quente e revolucionário de Emília, Ítalo-brasileiro nato e brasileiro das injustiças. Muitos te chamaram de terrorista, de assaltante, Mas tudo era legítimo naqueles anos de chumbo, De escuridão, de ideias monossilábicas, de turvo. Baiano, ganhaste o mundo e o Brasil contra aquele submundo, Que muitos livros de história insistem em não contar, Em faltar com a verdade, em não expô-la para quem desejar. Marighella, tua estrela é sempre eterna, Tua semente, no plantio de várias primaveras, Tuas ideias como colheita nos outonos, dos que