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Artigo: Exercício de “futurologia” política - Eleições Presidenciais 2014.



Com o andar da carruagem, as eleições de 2014 prometem muita emoção. E luta política. Mas, sabendo da conjuntura econômica, podemos dizer em tese que há grande chance de Lula assumir a chapa em 2014. Isto quer dizer, que a despeito de todo jogo de cena, é plausível que Lula se lance, primeiro por uma pressão interna dos correligionários do PT; segundo, porque se imagina que Dilma não ultrapasse o teto de 40%. O certo é que nas vésperas das eleições de Outubro, precisamente na Copa, as manifestações surgirão com toda força e vigor de um adolescente de 15 anos, e o ímpeto de jovem de 20, e todo cálculo político e estatístico de agora não será mais sólido do que a última notícia de minutos atrás.

Se é que me permitem - a minha aposta é que Lula assumirá a dianteira oficial, uma vez que toda a articulação já passa pelo crivo e iniciativa do mesmo. Vide o imbróglio no Estado do RJ, sendo que o mesmo está servindo de bombeiro na briga entre o PT e o PMDB; vide ainda que o PT ameaçou entregar todos os cargos para a saída do Governo Cabral esta semana. Provocações do tipo: “O PT não quer sair agora para não perder o décimo terceiro” do Deputado federal Leonardo Picciani, apimentaram a cizânia entre o senador Lindberg Farias (pré-candidato do PT ao governo) e o a cúpula do PMDB regional.

Mas, voltemos à aposta inicial. Aposta não porque aleatória, mas, tomando-a como tese. Como hipótese. Em nenhum momento, houve uma afirmação contundente de que Lula não seria mais candidato, nem mesmo convincente, e vinda do próprio Lula. Não que a batuta do governo Dilma não esteja sendo conduzida de forma razoável, de forma regular. Mas, a história da vida e da política, percebemos que a regularidade é apenas uma passagem. As pessoas, a vida, a política – vivem de emoção. Do calor. E na saída da carruagem em 2014, com a economia com crescimento moderado, com a classe média endividada pelo grande consumo de bens e produtos, com a inflação namorando um retorno, depois de sono profundo desde os anos 90, podemos ter um misto de incidências no campo material e econômico que não passará à margem do campo político. E é inegável que Lula sabe manobrar o campo da emoção e transbordar para a política, primeiro, por ser carismático, segundo, e consequência natural do primeiro, possui uma habilidade comunicativa para além do comum e fora do padrão racional. A fala dele depende do momento e da emoção do lugar e das pessoas.

 Pois, como se sabe, a política não é uma entidade mecânica, que os institutos de pesquisa aspiram matematizar e calcular como se fosse um produto notável ou um cálculo de limite ou derivada. Como se fosse uma reta linear, um fato dado. Muito pelo contrário, há uma variável que não é passível de controle. A variável humana- das suas crenças, dos seus costumes, das suas ideias, do seu imaginário – às suas ações. Quem imaginou as manifestações de junho de 2013? Quem imagina a de 2014? E se vier em fevereiro? Não dá para prever. Mas, para além de jogo de certo ou errado, tudo pode acontecer. Mas, a leitura segura do que pode acontecer, com o nebuloso campo de alternativas e de situações, incluindo certamente as manifestações pré-copa, é que Lula até o momento está jogando não como se fosse para estar a postos no banco de reservas, mas, usando de seu grande gosto e costumeiro trocadilho de futebol, para entrar em campo como se fosse uma final de campeonato. O que na verdade será em 2014. O mesmo vale para a entrada de Marina no lugar de Eduardo Campos; e de Serra, no lugar de Aécio. A conferir.

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