Pular para o conteúdo principal

Poema: SONETO DO TRABALHADOR

SONETO DO TRABALHADOR*

O homem que vive na labuta e na armadilha do dia,
Convive com tudo e o nada, com seus sonhos em jaula,
Almeja o que sonha e contrata-se com sua calma,
É o que é, pois não pode ser quem é nesta trilha que lhe vicia.

É gado arrebanhado que pelo vaqueiro em rédea curta brinca,
Se desgarrado for, vai sofrer com a dor dos que te privam,
Vive escancarado, entregue e desmantelado, aos que fingem que te mimam,
É coitado, nada pode, sequer se sacode, vive e morre sem briga.

É assustado, violentado e explorado, vive nesta sina,
De elefante preso, vive ao anseio do medo, tímido de si mesmo,
Acorrentado e oprimido, vive sem latido e sem nenhuma cisma.

Não é senhor de si mesmo, vive em falsa calmaria e em desassossego,
Do terror e de seu desejo, de chegar à chegada de sua bela e previsível vida.
É bêbado agonizante que nada faz ao que te consome paulatinamente em segredo.

Diego Fonseca Dantas
22.02.2010

*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema: O Analfabeto Político (Bertolt Brecht)

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo." Bertolt Brecht

Poema: CACAU

CACAU* O cacau Do sul, Da Bahia, Dos ilhéus, De Ilhéus, Dos grapíunas De Itabuna, Minguou. O cacau Antes Era ouro, Que, em todo estado, Sem exceção, Financiou. O cacau, Dono de sabor gostoso, Fruto com poupa e caroços melados, Suco maravilhoso, Que deleita o chocolate, E nos transforma em choco-loucos. Cacau era tudo, E o que foi derrocada dos coronéis, Foi à bancarrota das cidades, Do estado e do povo. Poderia ser a culpa de se ter uma só cultura, Mas, o cacau era economia, Uma Causa, trabalho e ganha-pão, De todos dessa, cacaueira, labuta. Cacau era tudo na região cacaueira, Era muda de riqueza, Hoje, é mudo de tristeza, De uma região, Que deve tudo ao cacau, Sua cultura, arte, paraísos, E turismo cacaueiral, Pelos romances de Jorge, Por tudo que lembra este fruto nobre, Ficará apenas a lembrança, E o gosto dos chocolates de porte, Ficará a esperança do cacau-ouro E da utopia de nova pujança, Seja pelo cacau clonado ou orgânico, Seja p...

Análise: Sobre a conjuntura do Brasil

De saída, se olharmos à conjuntura do Brasil, em meio à crise política do Executivo para com o Legislativo, e a mais agravante, do Executivo para com os representados, o povo e a sociedade civil; podemos elencar vários problemas. Em primeiro, há a questão econômica, que não obstante os recentes aumentos nos serviços básicos (transporte, gasolina e luz) e na alimentação, que já colocam o IPCA na casa dos quase 8% no período acumulado dos últimos doze meses, além do aumento da taxa básica de juros da economia (12,75%), já influem no humor, sobretudo, da classe média, cada vez mais conservadora, e ávida por manter o que conquistou nos últimos 12 anos. Em segundo, há a propaganda diária negativa com os casos de corrupção envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobrás. A perda ou a sensação de perda de bem-estar econômico desta classe média e da sociedade em geral, somada à massificação desta comunicação negativa, dão a impressão para o cidadão comum, se me permitem à seguinte tra...