POESIA EM MIM* Se a poesia está em mim, Creio que sou um instrumento dela, E não eu, que a alimento, E sim, que me alimento E quem está nela, Pois ela independente do meu sustento. Que sirvo, feliz e humildemente, Ao seu lírico cênico do que “sente” Se a poesia estiver em mim? Sim, serei eterno grato e cedro, Pois é ela quem me escolheu, E não eu, que a remendo e a levo! Que posso fazer se o que vejo Sai em suas visões decerto? Se a poesia sair de mim, Ficarei triste e sem fôlego, Visto que é o ar que respiro, As pernas, que me dão forro. A cabeça que pensa, As mãos que em consolo, Apaziguam as mãos de outrem, E me tornam mais e mais louco. Um louco controlado desconcertado, Sabendo que se em algum momento, Tornar-me-á, como a maioria dos outros, Aí, sim, a poesia saíra de minhas entranhas, E eu, sem ela, que não mais me escolhera, Viverei incerto, em tórrido desconsolo. 17/01/2011 *Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional