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Mostrando postagens de 2010

Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital

Ensaio de Um Novo Homem e Pleno Usufruto de suas Ferramentas Críticas da Realidade Quando olho à nossa conjuntura, e permito-me a ser livre neste ensaio, procuro imensamente, não estar apregoado e fixo demasiadamente às escolas de qualquer ordem. Mas não critico o modal capitalista, por uma simples opção acrítica e cômoda ao marxismo e suas correntes. A tomada da práxis pelos meios de Estado e de produção, aliada, como citado no conjunto desse ensaio, à educação e conscientização das pessoas, buscando torná-las livres, são muito mais que prerrogativas de se implantar o momento práxis. É sua única via de acesso e alicerce para sua matriz estrutural. Como faremos isso? Via rompantes e bravatas? Populismo? À força e à forca?..Não podemos começar uma ordem nova, só pelo fato de empunhar armas e garantir tudo na coerção e na espora. Não é assim que conseguiremos bancar toda essa conta e cota socialista. Só podemos apregoar e manter a nova ordem, baseada nos elementos advindos da conscie

Ensaio: A Práxis e sua prática na vida real pelo Condicionamento Humano

Considerando-se o rumo e os vieses que temos neste mundo cunhado em um modal capitalista, navegamos em um mar límpido do ponto de vista de sua ideologia. Ao deparar-se no campo psicológico, percebe-se o quanto a escola Behaviorista tem razão. Às pessoas, desde pequenas, bebês e aspirantes ao entendimento deste mundo novo e sua lógica ressonada em suas cabeças, decidem suas escolhas, baseada no consumo, por vezes, exacerbado e entendendo seu papel como mero consumidor. Como se auto-afirmando que ele é, o que consome. Em parte é verossímil. Pois compramos o que entendemos como necessidade ou desejo. Ou a compilação dos dois, das nossas necessidades-desejos. Nessa lógica, queremos desde pequenos aquele brinquedo, quando adolescentes, o dinheiro para sair e usar de marcas e etc. Quando adultos, em meio à desigualdade em que vivemos só transparecermos o que nos foi condicionado desde a infância. Ainda mais que, aprendemos coercitivamente à disputa com o outro indivíduo ou o conjunto deles

Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital (P. II)

Entranhar-se no capital, faz com que fiquemos à espreita do momento crucial para a virada da ordem, ao passo que se acumulam às forças de educação e conscientização popular das massas e da maioria do povo. Importantíssimo e vital, a conquista da classe média, ou pelo menos dois terços dela, pois é a classe média, o fiel da balança neste processo condizente ao materialismo histórico, em vigor nesta contemporaneidade. Somente a conscientização dessa classe, pode criar um estopim, com apoio e suporte para a virada de uma nova ordem, sócio-econômica, tendo como premissa, objetivo e operacionalização, a práxis. Para se conquistar a classe média, é preciso além da apuração crítica advinda de sua consciência, um espasmo, pelo menos, uma visão prática, de como poderá ser o modelo socialista. Qual o seu papel, qual seu ganho humano e econômico. Sem conscientizá-lo, não há o desvelar da realidade e de seu sistema capital. Mas sem visualização ao horizonte de sua aplicação prática, não há acumula

Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital

“Na natureza (matéria), nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” frase célebre na Química das Ciências e na Vida, por Lavoisier, chega à explanação neste simples e lisonjeiro artigo-ensaio. Avaliando-se o sistema em que vivemos, e sem conjecturas, constatamos que o mesmo tem desnudas contradições, ao que respondem por intrépidas críticas, para quem as vê com olhos nus e críveis neste paralelo entre conjuntura e estrutura. Que este sistema é forjado pelo modo de produção capitalista que concentra renda, espolia as menores camadas de nações e de pessoas em prol de seus países-senhores e grandes conglomerados de poderio econômico e social, isso já está aventado. Também está aventada a questão que rega o sistema capitalista, enquanto ele destrói paulatinamente à consciência individual e fortemente à consciência natural: A premissa de vida e de viver “socialmente” por meio da suposta meritocracia e esforço individual, que movimenta o mesmo, as organizações, empresas e o país, parale

A crítica ao ENEM e os “galhos fracos” da Sociedade

A execução de mais um exame nacional dos estudantes, ocorrido no sábado, 06 e domingo, 07 de Novembro e seus erros, grotescos e primários, por sinal, coloca-nos mais uma vez com o dissabor de gastar mais tempo com o galho fraco da sociedade, ou seja, com seus conseqüentes, do que com suas causas e seus reais problemas. É de se notar que desde 1998, quando o ENEM foi aplicado pela primeira vez, o quanto se aprimorou nesta matéria, como exame nacional do ensino médio e como ele, através de precisas e necessárias transformações, se estruturou para chegar ao seu viés e ordem do dia atual, qualificar os estudantes, instituições e práticas do ensino médio, mais ao mesmo tempo, proporcionar a isonomia ao estudante brasileiro que almeja adentrar à porta de acesso ao ensino superior, principalmente das universidades federais e estaduais. Um exemplar do princípio de universalização deste acesso ao presente dos nossos filhos e ao futuro dos nossos netos. É de se esperar insatisfação, recursos,

Poema: MARIGHELLA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES!

** Poema já publicado aqui neste Blog, mas publico novamente, em memória deste homem e guerrilheiro, que tombou a exatos 41 anos atrás pela Ditadura Militar, completados hoje, em 04 de Novembro de 2010. ** MARIGHELLA VIVO EM NOSSOS CORAÇÕES!* Marighella! És para mim exemplo de homem, de cidadão e de guerra, Já refutando Juracy Magalhães em teu poema nos tempos da Escola Técnica, Sendo preso e rechaçado, fazendo poesia, livros e conscientizando-nos por léguas. Marighella nasceste estrela, nasceste em terra de festa, Nasceste na Bahia, filho de um italiano imigrante e de uma filha de escrava. Teu sangue nasceu da mistura negra e do sangue quente e revolucionário de Emília, Ítalo-brasileiro nato e brasileiro das injustiças. Muitos te chamaram de terrorista, de assaltante, Mas tudo era legítimo naqueles anos de chumbo, De escuridão, de ideias monossilábicas, de turvo. Baiano, ganhaste o mundo e o Brasil contra aquele submundo, Que muitos livros de história insistem em nã

A Oposição "Serrista" e o Governo Dilma

A Oposição capitaneada por Serra encerrou sua corrida com fôlego com crescimento de 12 pontos percentuais em relação aos votos do primeiro turno, mas não emplacou os quase 56 milhões de brasileiros, que Dilma emplacou, para subir ao pódio, como a primeira mulher presidente do Brasil. Mérito para ela, para as lideranças da campanha, seus estrategistas, e especialmente para o Lula, estrategista-mor para esta empreitada conquistada em 31 de Outubro. Mas inegável, não pontuar e congratular Dilma, pelo esforço, desprendimento e luta contra o pior inimigo, que se pode enfrentar para si e para quem serve de interlocutora: a descrença e o “reducionismo” por parte dos outros. Dilma se saiu muito melhor do que muitos analistas e setores experientes da Oposição ressonavam. Ela foi à grande vencedora, sob o aspecto que no segundo turno, foi posta à prova, e em carne viva, por vários momentos aos seus eleitores. “Veio e venceu”. Retomando sobre a Oposição, ela perdeu, mais do que por um embate co

Crônica: A Quebra de Braço Social x Capital

** Esta crônica é parte da interpretação do Poema Ode a Verdade Social à Inverdade Capital, de minha autoria e já registrado aqui - inclusive, a interpretação abaixo, nas primeiras publicações deste Blog ** Tentar desvelar por completo um poema é algo enriquecedor e fascinante...Ir nas entranhas do pensamento do autor, de sua crítica e de sua efervescência poética. Não cabe ao autor passar este "Raio X" em sua obra, em sua música, em seu poema. Isto é praticamente acabar com a graça e o exercício de apuração e senso crítico do leitor.. Mas posso adiantar alguma coisa: no Poema Ode a Verdade Social à Inverdade Capital, ressalto que há uma luta diária e constante nos bastidores e no palco da vida real, sobre o antagonismo entre o Social e o Capital - entre a Esquerda e a Direita. Isto é claro, quando vemos nos jornais a luta entre governo e oposição para aprovar determinada lei.., quando vemos a composição política de chapas em ano eleitoral no seu município e no seu estado

A Igreja e os atuais feudos

** Este artigo publicado aqui neste Blog em 14/10, foi publicado pelo Globo On line, em 25/10 às 15:54. Se preferir, vejam link, http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/10/25/a-igreja-os-atuais-feudos-922860241.asp ** A religião é o ópio do povo", frase que se consagrou como máxima popular teve sua origem na concepção materialista de Karl Marx. Porém, o fato de esse pensamento ter se incorporado, em parte, ao senso comum, não significa dizer que as pessoas, ao proferirem-no, estejam irremediavelmente desconectadas da religião. Quando nos propomos a "esquecer" um pouco a frase e seu contexto como máxima, percebemos também o quanto a Igreja, em suas várias correntes, contribuiu para a sociedade civil e para a própria religião - seja com as ações das pastorais, com as campanhas sociais das Igrejas evangélicas ou com a força de alguns líderes, ícones de uma imparidade pouco vista, como D. Helder Câmara e Martin Luther King. Mas voltemos à realidade... Em pleno século XX

Em vias de lançamento de meu 1º Livro de Poesia..

Prezados, Estou em vias de lançamento do meu primeiro livro de Poesia. A obra, como este Blog, será de Poesia Social. O lançamento será pela editora Independente Ibis Libris, http://www.ibislibris.com.br, que é uma editora em atividade desde 2000, e já tem no currículo, mais de 100 títulos lançados, entre Poesia, Prosa, Literatura e Traduções. Em breve, trago mais novidades, será um lançamento - que antes de ser de livro - será de um poeta, de um condor, despretensioso, que antes de qualquer coisa, já está e estará realizado, já no primeiro ato e momento, que é de lançar-se como idéia, como poesia, que fala, que se recita, toca, que canta e que a partir do lançamento, estará em movimento, com a minha expressão como Poeta, como Condor, mas antes disto, como ser humano, que deseja como utopia um Brasil mais social, justo e como todos nós - como elementar essência - doravante e mais (sempre) humano. Abraços,

Artigo: Por que não lideramos?

A quem atribuir este desvio? Quando analisamos o dia-a-dia das empresas ou da conjuntura atual do mercado, podemos deflagrar o processo da aplicação e prática da Administração que vigora desde a sua concepção nas academias e faculdades até a sua operacionalização e dia-a-dia nas empresas, pois como sabemos, a administração praticada hoje, tem muito foco no seu teor e viés técnico e pouco da parte humana. Isto se toma por evidência, quando olhamos uma grade curricular de qualquer curso de administração do país, e como isto se reflete, de forma abrangente nos departamentos e esferas gerenciais e corporativas das empresas do Brasil e do Mundo. Ora, se isto fosse trabalhado na pós-formação ou nas próprias empresas, já seria de grande valia. Para o gestor e antes disto, para a pessoa do gestor, como seria gratificante para as próprias pessoas, que são os pilares das áreas e da suas gerências. Mas de fato, não o é, e o que vemos é uma explosão e um grande fluxo de entrada e saída de pro

Crônica: O Mundo da Produção ou Cooperação?

É de se estranhar quando vemos alguém falar que não vive para o dinheiro, não é? Você já deve ter ouvido algumas destas figuras por aí, e pensado: “Este cara, com certeza, é maluco” ou “Este cara vive em outro mundo”..mas tudo bem, é o tal do senso comum, é o mundo coercitivo, como teoriza Durkheim. Ou pode até mesmo ser fruto do condicionamento humano, conforme teoriza a Escola Behaviorista. Mas certo mesmo é que o condicionamento não é o motor, são as amarras e a resistência deste molde em que vivemos – advindo predominantemente da ideologia capitalista. Desde pequenos, o que aprendemos? “Olha filho, você tem que estudar..estou pagando escola cara, e você me vem com esta nota..olha filha, já tá mais do que na hora de arranjar um estágio..Paulo, meu filho, você fez um cursinho caro, você tem que passar na Federal..você tem que ter um futuro brilhante, este mundo de hoje tá difícil, tá muito concorrido..você tem que estudar para ser o melhor e conseguir um bom trabalho”.. Quem de nós

Poema: EXERCÍCIO DA COMPREENSÃO

EXERCÍCIO DA COMPREENSÃO* Não sou compreendido, creio que sou nicho De tudo o que não se há de falar, Porque não há compreensão, se não se sai de sua dimensão, Do rock para um sambão. Mas por que não entendemos o outro? Será que julgamos ser o dorso? Enquanto este outro é o osso? Ou o vilão, enquanto somos o moço? Será que sou minoria ou maioria? Será que sou calmaria ou agonia? Será que sou ação ou em vão? Será que sou entendido ou desentendido? Será que sou mudo ou falastrão? Será que sou o mal ou o bom moço que enfrenta o bandido? Será que sou entendido como destemido? Ou desentendido como medroso, covarde e mole? Será que sou filhote da demagogia, sorte dos que dominam a oratória? Ou sou pai da ética, conquista por mim merecida, por quem gosta do coletivo da prole? Será que temos para quem falar? Para quem agonizar? Será que temos realmente dois ouvidos, ou dispersas bocas e uma audição? O mundo está velho, o novo mundo um atraso, O convívio, um descalab

Poema: CONDENADOS À SUBSERVIÊNCIA

CONDENADOS À SUBSERVIÊNCIA* Sou o que somos assediados moralmente, No trabalho, na rua, na procura, para a busca de uma oportunidade ascendente, Fazemos tudo, só não fazemos o que gostamos, por que estamos indigentes, Somos o zero à esquerda, o pão sem manteiga, o coro sem gente. Por que não somos ouvidos, somos tão impedidos De falar o que sentimos? Somos compelidos a ser tudo o que não é quente. Somos o desgosto em pessoa, somos a carne viva, Com esparadrapo partido e boca sem dente, Fazemos tudo o que nos mandam, marginalizando nossa ideologia, Nossa convicção e nossa mente. Temos que fazer pelo dinheiro, pela moeda em queda, Pelo papel de pouco valor, com muito suor e calor, Para ter nosso pão, nosso café e um pouco de sabor. Que sistema infernal, que largo lamaçal, Que temos a subserviência sugando nossa consciência. Poucos vivem de fato, pelo menos unilateralmente, Pois a maioria vive em parte, em miúdos e muito mal. Por que não democratizamos o trabalho,

Crônica: Franco-Brasileiros?

Tomaram a Bastilha, tomaram às ruas em 1789, tomaram as ruas em Maio de 68, tomaram as ruas como neste sétimo dia de greve geral (neste dia 20) em Outubro de 2010 e tomarão amanhã também..e tomarão sempre que os seus direitos e deveres forem “revolucionados” e as “salvaguardas”sociais e coletivas para o povo e sociedade estiverem em riste pelos seus governantes..ou de si mesmos. A luta para barrar ou quem sabe até “negociar” o aumento da idade de aposentadoria, assim como julgar isso uma necessidade (do governo ou do povo?) é uma questão e premissa de consciência e não uma sorte de ter ou não líderes ou pessoas que se esgoelam e se esforçam fisicamente e “emocionalmente” para arrebatar corações em seus seios sociais. É uma realidade coletiva, onde cada um tem consciência social e política e o líder entra para confluir e direcionar, para ser a representação daquela consciência. O líder emerge na consciência da sociedade francesa - independente de ser burguesa ou não, de seus setores di

Crônica: Meu amigo é de Direita

Há muito, mas recente tempo – acreditem - desde meu processo de politização, tenho convivido cada vez mais e intensamente com a política e seus assuntos correlatos..na minha opinião, quase tudo por sinal. De lá para cá vi aflorar o assunto, ainda mais enraizado e regado todo santo dia pelos meus amigos e camaradas, esse último, muito usado para se chamar um amigo aqui no Rio (É comum, você ouvir alguém atender ao telefone, ou alguém na rua em voz alta e em tom de cumprimento chamar..”Fala aê, meu camarada”), mas um deles em especial, eu acreditava piamente que era apolítico. Totalmente despolitizado. Eu, já com minha orientação definida à esquerda, e ele “voando” nos vários temas, de lá para cá, como se voam os pássaros, embora estes últimos voem sempre motivados por alguma coisa, normalmente por conta de alguma condição ou alimento. Desta forma, acreditava que poderia orientá-lo..e até “doutriná-lo”..ao falar das ideologias, em discutir as políticas progressistas, as políticas do go

Crônica: A Igreja e o Feudo?

“A religião é o ópio do povo”, frase que se consagrou como uma das máximas - que se entranharam em parte de nosso senso comum, das pessoas que não são orientadas somente pela Religião, mas que se orientam por todo tipo de conhecimento humano - teve sua origem na concepção materialista de Karl Marx. Porém, como ela ganhou parte do senso comum, não significa dizer que as pessoas ao proferirem-na, sejam irremediavelmente desconectadas da religião. Quando nos propomos a “esquecer” um pouco a frase e seu contexto como máxima, percebemos também o quanto a Igreja em suas várias correntes, contribuiu para a sociedade civil e para a própria religião, seja com as ações das pastorais, ações sociais das Igrejas evangélicas, e com o presente aos brasileiros e ao mundo, com ícones de uma imparidade pouco vista (D. Helder Câmara, Martin Luther King, etc.. só para ficarmos nesses exemplos de homens de fé). Mas voltemos à realidade, e novamente para essa “máxima” e... E esperar que em pleno século XX

Poema: BAHIA, Ê SAUDADE!

BAHIA, Ê SAUDADE!* Dizem que a Bahia é só festa, é só carnaval, Tenho por ti tanto orgulho, tanto amor colossal, Terra abençoada, de Todos os Santos, da capoeira e do berimbau, Terra dos Intelectuais e Gênios da Música, Da Arte e de um contraste muito igual, De Caetano, Gil, Carybé, Caymmi, João Gilberto e Raul Seixas, De Tom Zé, Neguinho do Samba, Tatau, Brown, Dos Novos Baianos e de Morais Moreira, Terra dos escritores e poetas, desta boemia e espontâneo desembaraço, De Ruy Barbosa, Castro Alves e do Infernal Gregório de Mattos, De Capinam, Ubaldo Dantas e do nosso Embaixador Jorge Amado. Terra da maior influência negra do Brasil, Berço da cultura afro, do acarajé, do abará e do vatapá, Das danças, do samba reggae, do axé e do Trio Dodó e Osmar, Terra que tem o Olodum com seu batuque único e a beleza do Ilê Ayê, Do afoxé e da cultura afro, na arte eterna de Pierre Verger, Terra que tem Itacaré, Comandatuba, Prado e Morro de São Paulo, Que tem Ilhéus, Sauípe, Itapa

Crônica: A simples torcida à seleção e a escolha soberana à eleição

A julgar pelo momento que estamos passando, neste, mais que meados de 2010, já tivemos tantos eventos, tantas expectativas, naturais de qualquer povo e ser humano, e qualquer nação. Amplifique-se isto, ainda mais para o povo brasileiro. Depois de uma ducha de água-fria e o revés de mais uma derrota anunciada da nossa seleção na Copa da África, remetemo-nos ao cenário político e a maior festa que podemos ter como nação democrática: As eleições. Mesmo com o revés desta derrota, pré-anunciada, não podemos e não devemos nos lamentar: ao não ser pelo fato, de sermos apaixonados e inflamados torcedores..e técnicos. Mas não escolhemos sequer nem um jogador desta seleção, nem, como deveriam, no nosso “entender”, jogar e escalar os “nossos jogadores”, e muito menos, escolhemos o técnico. Podemos sair tranquilamente, após a ressaca da já anunciada frustração – momentânea - para seguir nossa vida levemente, dali pra frente. Nas eleições, não. Não há ressaca que não dure que possa tirar o gozo

Poema: TÉDIO VIOLENTO

TÉDIO VIOLENTO* Vivo momentos de tédio. Meu maior tormento E medo ferrenho, Vivo me perguntando o que fazer, Se irão me entender quando abrir os dentes. Acho que o mundo está vago, Evasivo e limitado, Sem músicas de conteúdo. Antes fosse imitado, Sem idéias divagando pelo mundo, E uma televisão e entretenimentos fracos. É um tédio violento o que sinto por dentro. É difícil sair do tédio, a televisão com cada despautério Sem quase nada que preste, só o que a seus interesses convém. Por que temos de pagar mais para ter uma televisão Com um pouco mais de qualidade? Com certeza, é mais uma das insígnias do capitalismo selvagem. Voltemos para a música e como é triste, Não ter mais letra que nos confunda, Que nos toque a alma e acelere o coração, com a mente mais lúcida. A música tem sido mais comercial, Mas pró-mercado e suavizada: muito banal, Claro que não se pode generalizar, Mas é difícil ver uma mente pensante neste altar. Realmente é muito difícil sai

Poema: PAUSA PARA O AMOR

PAUSA PARA O AMOR* Vamos dar uma pausa para o amor, O amor incessante, o amor delirante, Que nos agarra e nos amarra de todos os sentidos, Que nos joga no abismo, Ou nos salva do inimigo, Que nos branda e brinda como amigo, Que nos cega de todos os jeitos, E nos faz meninos, lindos, Que nos alcança em todos os gestos, E quebra nossa convicção e ideologias inflexíveis, Que nos mostra o abstrato e o real, como irmãos natos, E vemos tudo pela faixa sobre os olhos, ficamos quase gagos, Entregues de corpo e alma, Para nosso amor em noite enluarada. Vamos dar uma pausa para o amor, Por que desvelar as mazelas do mundo, Também cansa, apesar de que me encanta, Como ser humano e crítico que sou. Mas vamos de amor, deixe o condor, Para o próximo verso, para o próximo poema, Que me espera em todos os momentos, Queimando que nem lenha. Vamos pensar em amor, ou melhor, Vamos sentir o amor, Este amor que me desnorteia, Me incendeia, e me faz perguntar quem eu sou, Que

Poema: SOZINHO

SOZINHO* Estou sozinho, estou único. Sou quem sou, não o que inventam no súbito. Sou a sombra da noite, da boemia E o sol nascente da lenda. Sou sozinho, sem ouvido, só boca e só teima. Sou Mercúrio no espaço, Plutão neste marasmo. Sou filho do cacau, da Bahia e do interior farto. Sou o fardo dos que alienam. Sou a chave dos que mentem e ludibriam os fins pelos meios. Sou o arraso de quem é frase sem sujeito. Sou esplendor da força dos fracos. Contra a força dos fortes que vigiam nossas veias E as viciam pelos nossos medos. Sou a mosca na sopa, Sou a metamorfose ambulante, Sou o amargo no âmago do que não deseja, Sou mago da vida, das ideias Contra este brejo que nos cega do êxito, sempre itinerante. Sou a favor de mobilizar, De lutar contra os que derrubam, Mesmo acabando como tantos, na morte virando heróis, Que não nos deixam nunca. Sou a lenha da fogueira, E a gota d’água. Sou águia, condor, albatroz incansável, Em voo raso pelo cerrado, pelo sertão e

Poema: LAPSOS DA INCONSCIÊNCIA (DOS VALORES)

LAPSOS DA INCONSCIÊNCIA (DOS VALORES)* Às vezes, não sei quem sou, Com quem ando e o que penso. É muita correria, desenfreada, e pouco alento. É vã desarmonia, que alegram poucos e raros momentos, Não vivemos plenamente ao ápice, ao corrente desalento. Somos matéria rejeitada, alma deslavada, Somos um monte de coisas, pouco quente, Conjuntura totalmente errada, Tem que ser tudo, mesmo sendo nada, Ser o nada, mas nadar com o nado nada sincronizado. Fingir que é, quando olharmos a alguém do lado. Somos coitados, nesta Compostela cotada, Porque nunca, nesta estrutura, todos terão como brilhar, Pois está tudo definido, tudo esquecido, Valores no lixo e o Justo inibido. O Motim francês veio com tudo naquela vez, Pena que desabou no Novo Mundo, No velho e no presente dogma burguês. Diego Fonseca Dantas 16/03/2010 *Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

Poema: AMOR SOCIAL

AMOR SOCIAL* Trepida em mim o sentimento entusiástico, O amor mais pleno, Ágape declamado, O amor tem faces intangíveis e incomensuráveis, Vigia em mim Philos e Eros em meu cálice, O amor mais profundo e de pura nobreza, E o que temos por todas as faces e nas represas. Tenho Ágape, forma mais predominante em mim, Por toda a humanidade. Tenho Eros, o amor a minha amada em grande alvorada. Tenho Philos com meus pais, irmãos, amigos e minha casa. Tomara o homem tivesse rescaldo destes amores, Tivesse mais sonho e mais flores, Tivesse choro como brando de suas dores, Tivesse recanto para o remanso de seus ardores, Tivesse encanto em seus clamores, Tivesse o “seio materno” como seus valores, E não tivesse no amor, nenhum resquício de seus pudores. Tomara ainda que haja mais amor, Em descomunal violência e desatino social que nos cega hoje, E que também haja mais vida pisciana e paixão ariana, Para nos acalentar em meio a este inferno astral, Que sejamos doravante á

Poema: EU ENCLAUSURADO

EU ENCLAUSURADO* Volta e meia acendo uma vela, Para todo mundo, para que sejas esbelta. Vejo a todo instante o que para ti é uma cidadela. Confirmo, nos arredores, o que para mim é uma viela. Não há liberdade que seja de expressão em que impere a moralidade. Há votos ao chão, desejos em lápides, Vigiados no que falamos, se fogem ao padrão escancarado. Vivemos sendo outro, senão somos presos, Se ousarmos o Eu outrora embalsamado. Somos vítimas, apesar desta conversa capitalista, De que só podem imperar vitoriosos, Perdedores são vistos como os que não estudaram, ou os que vivem no ócio, Ou qualquer um que não seja parte desta osmose, deste certinho fóssil. Tudo é coercitivo, tudo é óbvio, Não podemos ser soberanos como indivíduos, Só estes fantoches, este padrão tórrido. Vivereis seguindo este trem, esta espécie de concessão cênica. Somos o que podemos ser, somos alguém que não mais aguenta, Somos o que está escrito, o que está regrado, ou o que inventam, Somos

Poema: IDENTIDADE

IDENTIDADE* Sou forasteiro impávido, Sou teixeirense, meio grapiúna, De Ibicaraí, hoje soteropolitano, Amanhã serei o carioca ao lado, Entro e saio da 101, minha linha férrea, meu cansaço. Em Teixeira, aprendi a vim ao mundo, Em Itabuna, aprendi a ser criança, Em Ibicaraí, saí da ciranda, Salvador foi a ponte, meu norte desta andança, No Rio, parei, voltei na labuta da mudança. Estou no farol do gigante, saí do coração pulsante, Convivo com o paiol das notícias, dos movimentos, Dos ideais deste grande montante. No olho deste gigante, minhas raízes dilataram, E no piscar de olhos e do tempo, minha visão tinha faro, Encontrei-me como cidadão e como jovem politizado, Nos corredores com amigos, com mentores invisíveis, O ideal estava deflagrado, Vim e vi este enorme balaio, Jamais me esconderei de tudo o que olharei, Mesmo que seja castrado. Navegar é preciso, viver não é preciso, Pessoa estava certo, vou de encontro ao errado, Ao calado, ao desgarrado e ao si

Poema: SONETO DO TRABALHADOR

SONETO DO TRABALHADOR* O homem que vive na labuta e na armadilha do dia, Convive com tudo e o nada, com seus sonhos em jaula, Almeja o que sonha e contrata-se com sua calma, É o que é, pois não pode ser quem é nesta trilha que lhe vicia. É gado arrebanhado que pelo vaqueiro em rédea curta brinca, Se desgarrado for, vai sofrer com a dor dos que te privam, Vive escancarado, entregue e desmantelado, aos que fingem que te mimam, É coitado, nada pode, sequer se sacode, vive e morre sem briga. É assustado, violentado e explorado, vive nesta sina, De elefante preso, vive ao anseio do medo, tímido de si mesmo, Acorrentado e oprimido, vive sem latido e sem nenhuma cisma. Não é senhor de si mesmo, vive em falsa calmaria e em desassossego, Do terror e de seu desejo, de chegar à chegada de sua bela e previsível vida. É bêbado agonizante que nada faz ao que te consome paulatinamente em segredo. Diego Fonseca Dantas 22.02.2010 *Registrado no escritório dos Direitos Autorais

Poema: SÃO SALVADOR

SÃO SALVADOR* São Salvador, ou melhor Salvador, Somos íntimos, somos cúmplices em tudo. Dos oito anos em que morei contigo Nunca fui o mesmo, nunca te esqueci. Estás sempre em mesmo sonho, Em minha rotina, a me perseguir. Penso e tenho de deixar-te todo dia, Não sou teu nascido, sou mais teu turista e inquilino. Amo-te à distância, amor platônico, aquele de infância. É minha essência, vivo como Caymmi, cantando com saudade a sua pujança. Não sou cancioneiro, nem trovador, por isso, vou escrevendo esta poesia mansa, Para lembrar-te que fazes parte do que hoje sou. És a terceira capital brasileira em população. Que prazer e deleite com que digo isto, Cresceste do que era o berço do Brasil. Antes só um estado gigante, Mas ainda pra mídia e estereótipos, um pigmeu E um paraíso para festas de um povo hilariante, E vista pelos governantes e imprensa do país, Somente pela ótica e divisão literal do Brasil, De mais um estado pertencente ao Nordeste, Como tanto o