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Mostrando postagens de agosto, 2011

Recesso

Prezados, O poeta que vos fala, por motivos acadêmicos e profissionais, estará se ausentando do blog. Uma oportunidade para uma pausa desta hercúlea construção ao vivo da poesia, perpassada por uma “luta corporal” para compor a estética e os ajustes ininterruptos contra os erros, mas estarei postando os principais e marcantes poemas feitos e publicados desde o decorrer deste ano. Não obstante à pausa, estarei compondo poesia – como sempre e em silêncio – para regozijar novas obras e composições, para trazê-las à tona no momento oportuno deste blog. Até mais, e acompanhem a poesia ser postada eventualmente neste período de “recreio”, entre às quais, postadas desde o início deste ano. Abraços,

Poema: ONDE FICA ONDE (O SER)

Nos calores dos trompetes, O modesto preâmbulo Da corrida, Do antro, Do que se pode ouvir, Ver e sentir; E tome desespero extremo, Em qualquer lugar pequeno Onde o pai e a mãe não vêem, Onde o menino e a menina, Brigam pra vender. Onde a vergonha não se omite Com a peçonha E onde qualquer poesia social Esteja sempre a ver. Onde um caminho leva à desonra, Onde o trepido do inferno Ecoa pra não se ater. Onde a estética de um poema, Se componha, Onde o chão dos nobres, Brilham mais do que à nossa mesa, e casebre menos que a TV. Onde a saúde leva à morte, Onde a lei que se tem, se abstém aos que têm, E dos quem querem corromper. Onde a educação é um cânone Da ignorância, E onde não se lê, Muito menos compreende o que se vê. Onde um país, Tem a macedônia, Dos povos bárbaros, Fruto de um mecenato ao contrário, Para financiar suas benesses Inertes, Ao vácuo de dignidade e valores morais e éticos, Dos quem gostam e honram ter. Onde o onde é a vergonh

Soneto: Mulheres

Mulheres, vocês são o centro da criação! Do ventre posta em moça, que dá luz à criança, a serenidade, a sutileza, a beleza, que tanto encanta-lhe e encanta-nos, como loba. Mulher, mãe, filha, senhora e senhorita, vocês são paixão e água, que completa o homem e o fogo que nos cauteriza em brasa! Que você é tão linda, e tão forte, ao mesmo tempo, em que ternura e firmeza fazem toda prosa virar poesia. A sua fortaleza é o momento mais lindo da vida, porque do seu afago e seu tato, tiramos à cura, para cicatrizar a nossa ferida.(pelo que te amamos, de forma vitalícia)! 27/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: A VIDA É UMA LUTA PARA UM COMUNISTA

Para um comunista como eu, A vida é uma batalha Contra o capital, contra a nuvem, E contra a fuligem que cega outrem com navalha. Porque de que adianta viver, Se não navegamos, No que é profundo, E do que está na penumbra, e à mercê. Do que adianta viver uma vida, De muito "deslumbre", de um sistema nefasto, Que nos explora, e ainda, que quer que nos conforma, Com tanta desigualdade, que inunda, imunda! Como achar justiça nesta zomba, E ainda ter que com toda a pantomima, gracejar e decretar tudo uma pompa ? 26/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: AOS VESPEIROS, VERMES E VEDORAS

À véspera do vespeiro, Veste, às vestes do vendeiro. Do vestígio, Do veleiro, que vela, inteiro. As vespas do vergueiro, Dos verdugos, do veeiro Nos vértices que vertes Da verdade. Verbero... Às vedoras, À venda, Do ventre, vermelho. Verbera-se O que é mais velho, O verme que vende véu, vida com veneno. 26/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: JOGO DE CENA

Uma vida de subterfúgios Onde a mediocridade Transborda Os muros: escuros e escusos. Falta-lhe coragem Para romper à cerca, Do cerco Que me prende em véspera. Falta-me coragem Para sair de cena Do covarde que lhe prenda. Falta audácia e contágio. Verdade de disparo, Para destronar, essa nuvem, onde só poucos a jogam: jogo de cena. 25/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: TRILHO DA VIDA

No trilho da vida Temos tantos caminhos, Mas há o acaso que permeia-nos E nos dá um sentido definido. Brigamos, por sonhos Às vezes palpáveis, Às vezes da realidade, Mas há um rolar de dados, um vão. Pois, temos ao que parece um papel exigido, Um canto, um papiro já escrito, Um se assumir sem zunido. Com a pirotecnia da vida moderna De muito barulho, muita ideia e confusão, Continuamos com muitos “caminhos”, mas uma só - real - opção. 24/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

A sociedade no combate à corrupção do Estado

Quando olhamos civicamente, a manifestação da sociedade civil no tocante à mobilização no apoio à Frente Anticorrupção aberta no Congresso, e a indignação desencadeada nas redes sociais tendo como resultado um ato agendado e que ocorrerá no dia 20 de setembro na Cinelândia, no Rio, mostram-nos que ainda há um fio de esperança na capacidade incondicional e irrestrita de se indignar; quando de malfeitos entranhados e acometidos nas diversas instâncias do Estado. Após a comunicação da presidente Dilma Rousseff, no lançamento do programa Brasil sem Miséria com os governadores do Sudeste, de que o “que interessava para o governo” não era a “faxina ética”, e sim, “a da miséria” (o que também, e obstinadamente tem que ser combalido), ficou claro que ela queria arrefecer os ânimos exaltados de sua base aliada. Mas, a presidente, e qualquer que o (a) seja lutará sempre pela costura de sua governabilidade, e pelo manuseio da balança desbalanceada entre o que se pode fazer, e o que não se pode

Soneto: COR PADRÃO

Em um mundo tão diferente, Somente os “iguais” aparecem à frente Na TV, do padrão ora estipulado, Da sociedade, dos altos escalões, e de tudo que se vê. Em um mundo tão plural, Somente o par, se coloca, Somente ele coloca, Os primeiros colocados, desta horda. Um mundo, onde na TV e nas diversas mídias, Não se aparece negro, quando muito um, Suportado na lei, mas, não no senso comum. Um universo, onde o estrídulo midiático, Não aparece índio, negro, mulato e pardo, onde a mulher, só como objeto, E a mistura de todas essas cores, é predomínio incerto como padrão certo. 23/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: CANTO

O canto por mar, e pro pomar, enfurecia o lar, aqui e acolá, como palma pra aprumar. Nas notas que se ressonavam, em todo verdejante, lacrimejava o que era infame, sem gota nenhuma chorar. O canto, mesmo ele, que arejava todo ar em que líbero deleite a soar. Para a música, e o dó, ré, mi, fá, sol e lá , estilarem sempre, em serenar. 22/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: ITABUNA

Ah, Itabuna! Do Rio Cachoeira, terra do cacau, terra próspera, industrial, não tens praia, Mas tem o frescor da Beira Rio e do seu povo: grapiúna e natal. Ah, Itabuna! antes Itabocas, e também do tupi-guarani, Itaúna. Uma das maiores da Bahia, senão, a maior, a mais bela do extremo-sul, para quem a conhece na rotina ou nas férias, se derrete, pois é uma capital rica, E de muita história que a enaltece. Mesmo com seus problemas de grande metrópole, você feita para brilhar, junto com sua cidade-irmã, Ilhéus, pois uma não vive sem a outra; Itabuna, meu amor por ti é especial! 20/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Poesia em Domínio Público - Soneto 080 - Camões

Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente, e viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer te algüa causa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver te, quão cedo de meus olhos te levou. Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Soneto: FOME

Na lamúria da rua e dos campos em que semente de maçã, se expandia ao doce e em cálice afã de tantos. Se embebedava com coragem, com piedade do que se tinha em mel, em amargo paladar, de nozes e avelã, e o céu. Se não havia o feijão nem arroz com pão, não haveria de ter sadia digestão. Nem ingestão. Nem provisão. Só inferno. Só previsão de fastio, fome e subnutrição. 19/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: SOU COMUNISTA II

Sou comunista, porque penso em mudança estrutural Neste sistema desgastado historicamente, E que vomita indignidade, e morte social e letal. Para os trabalhadores, pobres, que sustentam a base deste piramidal. Sou comunista, porque penso na cultura como meio de transgredir Este sistema capital, que só corrobora miséria e uma minoria elite. Porque defendo isonomia e igualdade para destroçar este modelo fatal. Que nos tira tudo, nos dá somente miséria, e desigualdade social e triste. Sou comunista porque não acredito no mercado e nas suas intenções, Que é antro de indivíduos que só querem os seus, ante o povo e às nações, Porque não aceito a exploração do homem pelo homem. O dinheiro pelo dinheiro, o lucro pelo lucro, Enquanto que o meio ambiente e o meio social ficam sempre à margem; Que venha à dialética e ação, para que haja nos meios, a socialização. 18/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: SOU COMUNISTA

Sou comunista, Porque não concebo este sistema Que nos amordaça e nos escraviza, Que é o sistema capitalista. Sou comunista, porque sou proletário, Porque estou com os trabalhadores Fomentando mudança e ideias Contra este sistema mundano que nos aliena, como ameba. Sou comunista porque a minha mais-valia Me é tirada, extraída, quando estou explorado, Escravizado num sistema que forja muitos e poucos, e mentiras. Sou comunista, porque meu sangue é vermelho. Meu coração bate por um trabalho que reparta minha sangria.E o lucro, Fruto do valor do nosso trabalho, seja coletivo e não individualista. 18/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Poesia em Domínio Público - Soneto 013 - Camões

Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frescas águas de cristal, que em vós os debuxais ao natural, discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, não me alegrem verduras deleitosas, nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades de meu bem. Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Soneto: CAÇADA VICIADA

Na caçada viciada Vive-se em casta, Sem calha, Com lástima. Pelo que se vivia em saída, Em entrada, com covardia E coragem de tríade caída que valha! Em dança com lobos, Em matança de povo Que não se cria em alarde. Em fogo morno, Em vida bandida, Sem cria de vontade e banida de dignidade. 17/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

O Governo Dilma entre a "Morte" e "Marte"

Hoje, exatos oito meses e meio, o governo Dilma coleciona gargalos de inúmeras ordens: econômica, fiscal, administrativa e principalmente a que mais a preocupa: a política. Mas, tudo indica que cada vez mais, dois desígnios da luta política e da vida estarão de mãos dadas em seu mandato: a “guerra” ou a “morte”, a se firmar a possibilidade de em meados do governo, o mesmo se arrastar politicamente – e quem sabe até popularmente – até o pleito de 2014. O que antes era a demissão por mero protocolo, de quem falou por demais como Pedro Abramovay – por ter defendido o relaxamento de pena para pequenos traficantes -, ou imbróglio no MinC com a não nomeação à presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa – em vias de ocorrer - do cientista político e sociólogo Emir Sader, e a entrada da Ana de Hollanda à frente da pasta; ou agora com a saída recente do Nelson Jobim, por ter falado demais e "morrido pela própria boca"; agora e desde a saída do seu ministro-chefe da Casa Civil Antôni

Soneto: ESCRAVOS DO MERCADO

Sou, como todos são, escravos do mercado. Dele que não tem outro nome, Só este, e nós, nominamo-nos mercadorias em condado. Do mercado, do comercializado, do aluguel barato. Somos a base, e o mercado, a potência, Somos linear, ele, expoente, Que de forma exponencial e mórbida, Nos aliena, e faz-nos felizes, mesmo em doença modorrenta. Somos muita coisa, Os alienados, que riem-se, no tronco raso E felicitam-se com o troco rasgado. Quando à emancipação do trabalho, Precisamos nos destravar, e deixar De achar-se homem livre na feira dos escravizados. 16/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: ESCOLA DA VIDA

O que a vida nos ensina precisa ser meticulosamente lida, aprendida e ensinada em todo “Carpe diem”. O que a vida nos briga, obriga-nos a repensar e escolher, decidir o que ela nos quer como trilha. O que a vida nos repensa, é que o que você pensa, vire matéria, ação intensa. O que da vida nos fica é que toda hora, e todo momento, é a escola que não nos reprova. Só viva! 15/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: ROTINA

Os afazeres da vida Mostram-se rotina Quando não temos alavanca dos sonhos, Nossos, de ambígua vida. Da dura vida, Intenso dia, Hercúlea lida, Sombria mina. Que, sem sonho E só com a rotina, Não há o que se fazer, em molho. Em banho-maria do dia a dia. Só fica para os cômodos, O dissabor e desgosto, sua sina. 14/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: EXPIAÇÃO HUMANA

Será expiação o que o poeta vê nas ruas e Não! Pode fazer nada, em tudo que não tem razão? Será condenação, o que está condenado Sem julgamento, júri e sentença, ou petição? Se, há destraves outrora em fases De desigualdade e ignorância, Há ainda resíduo de esperança Que o hoje seja amanhã de vã insana! Mas, e se o que há na luz do sol E na lua da noite, É tanta festança? É bom festejar, Mas, pena que como ser humano, Não possamos festejar com mor mendicância. 13/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Soneto: NAMORO DA VIDA COM A LUTA

Ah! Vida inglória, que me amolas! ah! vida insana que me devora, que me elabora, enamora, em prosa. Ah, vida traída, que se esboça na lamúria perdida, no beijo dócil. Na vívida libra, nos metros de glória. Que me chama em briga, pacífica, sólida! numa mímica artística, de terra inóspita, numa cómoda lira, lírica corja. Ah! Vida de sina, de prósodia hora que se atira, que entorpece e alucina, e eu, ah! ria, a viver a arfar em poesia de Córdoba. 13/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Chapbook - Poema: Poesia em Mim

Poesia em Domínio Público - Soneto 101 - Camões

Ah! minha Dinamene! Assi deixaste quem não deixara nunca de querer-te? Ah! Ninfa minha! Já não posso ver-te, tão asinha esta vida desprezaste! Como já para sempre te apartaste de quem tão longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te, que não visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura morte me deixou, que tão cedo o negro manto em teus olhos deitado consentiste! Ó mar, ó Céu, ó minha escura sorte! Que pena sentirei, que valha tanto, que inda tenho por pouco o viver triste? Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Soneto: SILÊNCIO

O silêncio que avia, Dobrava as caladas vias Que, embora viesse sem alvejar rastro, Assoviava o ar por entrar nas esquadrias. O vento numa noite em prurido Adentra os aposentos e o bicho ria, Acalmava por dentro, caleja fria, O que as cortinas mostram lamento. Embora seja noite, seja madrugada Medita coração com a lua, Respira o cérebro em sedenta rua. Em que havia na máquina da vida querida Nos quereres de uma roda de torno, Qualquer alqueire de um querer tormento. 12/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Chapbook - Poema: Foi em Salvador

Crônica: Josaphar entre a Vida e a Morte

Josaphar Homerito estava tranquilo. O país acabara de bater recordes: de consumo, de compra de carros, mas, também, de dívidas e inadimplência pela classe média. Mas, ele estava eufórico. Se, tinha dinheiro mesmo via crédito, é porque o país estava bem e ele podia ficar bem. Ele, inteligente e despachado, que tinha aversão à política, mandava às favas toda e qualquer preocupação com a esfera econômica e até brincava com as notícias peculiares de corrupção que adentravam quase todo "santo" dia. Josaphar achava que o mundo sempre foi assim e sempre haveria de ser, portanto, não botava a menor fé na mudança de comportamento da sociedade, e achava besteira e perda de tempo, discutir os problemas sociais, do país, ainda mais quando num debate – que nas palavras dele era de maluco -, se defendia esta ou aquela posição política. “Vocês não sabem o que é a vida, vocês estão fora da realidade” cantava a todos os ventos para os amigos que o acompanham, e são politizados. “A vida é

Poesia em Domínio Público - Soneto 114 - Camões

Ah! Fortuna cruel! Ah! duros Fados! Quão asinha em meu dano vos mudastes! Passou o tempo que me descansastes, agora descansais com meus cuidados. Deixastes-me sentir os bens passados, para mor dor da dor que me ordenastes; então nü'hora juntos mos levastes, deixando em seu lugar males dobrados. Ah! quanto milhor fora não vos ver, gostos, que assi passais tão de corrida, que fico duvidoso se vos vi: sem vós já me não fica que perder, se não se for esta cansada vida, que por mor perda minha não perdi. Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Soneto: PÁSSAROS

Os pássaros cantam e se encantam, Nuvens, sol, água se levantam Todo dia, toda santa luz, Ao revoar da vida, da passagem, que dança. Na dança, na lança, que voa, Na andança do horizonte, que ama. Não se esconde, se a nuvem sobre monte A respira, e o chama. Todo dia, toda noite, em seu ninho, Em seu fronte, busca seus filhotes Que comem, na palha, o que voou longe. Para que a singela esperança de que nesta manjedoura, Renasça mais uma águia, um pássaro que voe, O mais que horizonte e longe sobre o que se esconde. 11/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Chapbook - Poema: Queria te dizer

Poesia em Domínio Público - Soneto 136 - Camões

A fermosura fresca serra, e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra; o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra; enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos oferece, me está (se não te vejo) magoando. Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando nas mores alegrias, mor tristeza. Sonetos, de Luís de Camões Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo

Poema: FILOSOFIA DA VIDA II

FILOSOFIA DA VIDA II O calor do momento, Frio de esquecimento, Que a vida nos remete A todo e farto fácil momento. O dia de hoje, outrora foste Aurora de ontem, Que permeia futuro amanhã. Para de manhã começar tudo como se fosse longe. 10/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Chapbook - Poema: Mínima Beleza

Poema: FILOSOFIA DA VIDA I

FILOSOFIA DA VIDA I A vida que vos fala, É a vida que se cala, Diante da espada, Da claridade em favas, Da imensidade que o dispara, Do coração de quem declama, Ou se mata com a clava. 09/08/2011 Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Poema: NAS PALAFITAS, INEXISTE

NAS PALAFITAS, INEXISTE* Nas palafitas dos Alagados Lembram-me pior do que a casa de barro, Pior do que a pior casa do aprisionado. Com baixa dignidade, inexiste qualquer IDH, Insiste qualquer ser humano vulgar Nas balbucias de um poder público E de seus administradores, Que não andam e não vão lá. São os verdadeiros ignorantes. No sentido de não saberem, e não se fazer educar. No sentido de não conhecerem à realidade, Ou, o que é pior: de desconhecerem-na. Para satisfazerem suas benesses e articulações De terceira, advindo de terceiros. Ah! Quando os palácios se alagarem Na sua própria lama E decorrer dela, Sua própria Câmara De retransformação... Nem que para isso, Tenha que haver a derrubada da última pedra, Da fundamental, Essa mesma Que foi feita por àqueles Que vieram das palafitas, E nem puderam, Por não existir pedra alguma, Só madeira, tábua velha, Suspensa por Deus E pela natureza da água, Do Rio, que inexiste Uma moradia digna como manda a