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Mostrando postagens de agosto, 2010

Poema: TÉDIO VIOLENTO

TÉDIO VIOLENTO* Vivo momentos de tédio. Meu maior tormento E medo ferrenho, Vivo me perguntando o que fazer, Se irão me entender quando abrir os dentes. Acho que o mundo está vago, Evasivo e limitado, Sem músicas de conteúdo. Antes fosse imitado, Sem idéias divagando pelo mundo, E uma televisão e entretenimentos fracos. É um tédio violento o que sinto por dentro. É difícil sair do tédio, a televisão com cada despautério Sem quase nada que preste, só o que a seus interesses convém. Por que temos de pagar mais para ter uma televisão Com um pouco mais de qualidade? Com certeza, é mais uma das insígnias do capitalismo selvagem. Voltemos para a música e como é triste, Não ter mais letra que nos confunda, Que nos toque a alma e acelere o coração, com a mente mais lúcida. A música tem sido mais comercial, Mas pró-mercado e suavizada: muito banal, Claro que não se pode generalizar, Mas é difícil ver uma mente pensante neste altar. Realmente é muito difícil sai

Poema: PAUSA PARA O AMOR

PAUSA PARA O AMOR* Vamos dar uma pausa para o amor, O amor incessante, o amor delirante, Que nos agarra e nos amarra de todos os sentidos, Que nos joga no abismo, Ou nos salva do inimigo, Que nos branda e brinda como amigo, Que nos cega de todos os jeitos, E nos faz meninos, lindos, Que nos alcança em todos os gestos, E quebra nossa convicção e ideologias inflexíveis, Que nos mostra o abstrato e o real, como irmãos natos, E vemos tudo pela faixa sobre os olhos, ficamos quase gagos, Entregues de corpo e alma, Para nosso amor em noite enluarada. Vamos dar uma pausa para o amor, Por que desvelar as mazelas do mundo, Também cansa, apesar de que me encanta, Como ser humano e crítico que sou. Mas vamos de amor, deixe o condor, Para o próximo verso, para o próximo poema, Que me espera em todos os momentos, Queimando que nem lenha. Vamos pensar em amor, ou melhor, Vamos sentir o amor, Este amor que me desnorteia, Me incendeia, e me faz perguntar quem eu sou, Que

Poema: SOZINHO

SOZINHO* Estou sozinho, estou único. Sou quem sou, não o que inventam no súbito. Sou a sombra da noite, da boemia E o sol nascente da lenda. Sou sozinho, sem ouvido, só boca e só teima. Sou Mercúrio no espaço, Plutão neste marasmo. Sou filho do cacau, da Bahia e do interior farto. Sou o fardo dos que alienam. Sou a chave dos que mentem e ludibriam os fins pelos meios. Sou o arraso de quem é frase sem sujeito. Sou esplendor da força dos fracos. Contra a força dos fortes que vigiam nossas veias E as viciam pelos nossos medos. Sou a mosca na sopa, Sou a metamorfose ambulante, Sou o amargo no âmago do que não deseja, Sou mago da vida, das ideias Contra este brejo que nos cega do êxito, sempre itinerante. Sou a favor de mobilizar, De lutar contra os que derrubam, Mesmo acabando como tantos, na morte virando heróis, Que não nos deixam nunca. Sou a lenha da fogueira, E a gota d’água. Sou águia, condor, albatroz incansável, Em voo raso pelo cerrado, pelo sertão e

Poema: LAPSOS DA INCONSCIÊNCIA (DOS VALORES)

LAPSOS DA INCONSCIÊNCIA (DOS VALORES)* Às vezes, não sei quem sou, Com quem ando e o que penso. É muita correria, desenfreada, e pouco alento. É vã desarmonia, que alegram poucos e raros momentos, Não vivemos plenamente ao ápice, ao corrente desalento. Somos matéria rejeitada, alma deslavada, Somos um monte de coisas, pouco quente, Conjuntura totalmente errada, Tem que ser tudo, mesmo sendo nada, Ser o nada, mas nadar com o nado nada sincronizado. Fingir que é, quando olharmos a alguém do lado. Somos coitados, nesta Compostela cotada, Porque nunca, nesta estrutura, todos terão como brilhar, Pois está tudo definido, tudo esquecido, Valores no lixo e o Justo inibido. O Motim francês veio com tudo naquela vez, Pena que desabou no Novo Mundo, No velho e no presente dogma burguês. Diego Fonseca Dantas 16/03/2010 *Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

Poema: AMOR SOCIAL

AMOR SOCIAL* Trepida em mim o sentimento entusiástico, O amor mais pleno, Ágape declamado, O amor tem faces intangíveis e incomensuráveis, Vigia em mim Philos e Eros em meu cálice, O amor mais profundo e de pura nobreza, E o que temos por todas as faces e nas represas. Tenho Ágape, forma mais predominante em mim, Por toda a humanidade. Tenho Eros, o amor a minha amada em grande alvorada. Tenho Philos com meus pais, irmãos, amigos e minha casa. Tomara o homem tivesse rescaldo destes amores, Tivesse mais sonho e mais flores, Tivesse choro como brando de suas dores, Tivesse recanto para o remanso de seus ardores, Tivesse encanto em seus clamores, Tivesse o “seio materno” como seus valores, E não tivesse no amor, nenhum resquício de seus pudores. Tomara ainda que haja mais amor, Em descomunal violência e desatino social que nos cega hoje, E que também haja mais vida pisciana e paixão ariana, Para nos acalentar em meio a este inferno astral, Que sejamos doravante á