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Crônica: A simples torcida à seleção e a escolha soberana à eleição

A julgar pelo momento que estamos passando, neste, mais que meados de 2010, já tivemos tantos eventos, tantas expectativas, naturais de qualquer povo e ser humano, e qualquer nação. Amplifique-se isto, ainda mais para o povo brasileiro. Depois de uma ducha de água-fria e o revés de mais uma derrota anunciada da nossa seleção na Copa da África, remetemo-nos ao cenário político e a maior festa que podemos ter como nação democrática: As eleições.

Mesmo com o revés desta derrota, pré-anunciada, não podemos e não devemos nos lamentar: ao não ser pelo fato, de sermos apaixonados e inflamados torcedores..e técnicos. Mas não escolhemos sequer nem um jogador desta seleção, nem, como deveriam, no nosso “entender”, jogar e escalar os “nossos jogadores”, e muito menos, escolhemos o técnico. Podemos sair tranquilamente, após a ressaca da já anunciada frustração – momentânea - para seguir nossa vida levemente, dali pra frente.

Nas eleições, não. Não há ressaca que não dure que possa tirar o gozo ou nos dar o afago da vitória ou derrocada, que se anunciara. Após as eleições, não podemos fazer muito. É esperar e torcer, assim como na seleção, de frente à TV. Ao ter em mão, o que temos como decisão e escolha à cola, na mente e nas urnas, ela precisa ser feita, com coerência, com intrépida paixão, mas acima de tudo, sob o viés estratégico, dentro de um contexto histórico, e de suas inseparáveis linhas: o passado, o presente e o futuro. É o passado que forja o presente e este, ou o entendimento deste, serve-nos para que se dimensionar, sem calores do cupido e da ânsia, a mais importante variável: o nosso futuro.

Nas linhas históricas, no pêndulo do poder destes últimos 16 anos, no âmbito presidencial, temos já discutido, além do que foi vivido: o passado da era FHC, que estabilizou sim a economia com o plano real, mas cuja nascente foi no Governo Itamar, cujo acrônimo era o então Ministro da Fazenda. No entanto, a vitória em um jogo não se declara só com um gol e nem só jogando de um jeito. A questão social ficou relegada à segundo plano; e mesmo com iniciativas de Bolsas, que antecederam o Bolsa Família, o enfoque e alcance foi mínimo e limitado. Houve a privatização de estatais, discutíveis até hoje, e FHC entrou ovacionado em 94 e calado e tímido em 2002 na entrega da faixa ao presidente Lula. O presente, escrito pelo Governo Lula, tirou 24 milhões de pessoas da linha da pobreza, elevou 32 milhões de pessoas à classe média, bate no momento, cerca de 15 milhões de empregos com carteira assinada, com estabilização da economia iniciada sim, no governo antecessor, mas desta vez, sendo credor do FMI, e contando ainda com reservas internacionais de U$ 250 bilhões de dólares.

“O futuro a Deus pertence”, diz o ditado. Mas o futuro em uma democracia, que precisa sim, cada vez mais ser dinamizada com participação em escala e abrangência para todos os brasileiros, no princípio da igualdade, como reza a Carta Magna; precisa ansiosamente, que o seja feito de forma plena e consciente, nas eleições diretas que temos de dois em dois anos, como a que teremos em trinta e um de Outubro, no segundo turno. Ainda mais esta, se tratando da mais importante e republicana para o Brasil, que é o pleito presidencial. O passado você já tem, o presente também. Quem decidirá à luz da sua própria decisão soberana, como eleitor, é você. É você quem deve escolher entre a luz no campo, entre a economia em alta e distribuição da mesma em empregos para os brasileiros frente à reedição de um projeto falho socialmente, que terminou sem lhe dar o riso e o grito contido da paixão, como num jogo de futebol da seleção. Dia trinta e um, é com você, pois como também diz o dito sábio popular, “A voz do povo é a voz de Deus”.

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