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Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital

Ensaio de Um Novo Homem e Pleno Usufruto de suas Ferramentas Críticas da Realidade

Quando olho à nossa conjuntura, e permito-me a ser livre neste ensaio, procuro imensamente, não estar apregoado e fixo demasiadamente às escolas de qualquer ordem. Mas não critico o modal capitalista, por uma simples opção acrítica e cômoda ao marxismo e suas correntes. A tomada da práxis pelos meios de Estado e de produção, aliada, como citado no conjunto desse ensaio, à educação e conscientização das pessoas, buscando torná-las livres, são muito mais que prerrogativas de se implantar o momento práxis. É sua única via de acesso e alicerce para sua matriz estrutural.

Como faremos isso? Via rompantes e bravatas? Populismo? À força e à forca?..Não podemos começar uma ordem nova, só pelo fato de empunhar armas e garantir tudo na coerção e na espora. Não é assim que conseguiremos bancar toda essa conta e cota socialista. Só podemos apregoar e manter a nova ordem, baseada nos elementos advindos da conscientização popular e isso, como conseqüência de políticas populares e não populistas. De educação argumentativa e reflexiva e não via rompantes. Da assimilação do conceito práxis, inexoravelmente necessário, pela classe média e não pela coerção e força.

Essa consciência terá que vir pelo seio da educação, ou pela falta dele, via sofrimento. O mundo está mudando, e os recursos em escala de alta exploração proverão ainda mais alterações na gama produtiva e de vida, e quando constatarmos em mente, através das condições da realidade, que se faz necessário para a almejada e diária sobrevivência e manutenção da ordem e estabilidade humana, à consciência de que os frutos do trabalho e da terra terão que ser repartidos e coletivizados, aí sim, a operacionalização da matriz práxis, se dará. Isso será a verdadeira e libertária democracia que já tivemos conhecimento na História humana e mundial. Às liberdades positivas, e não às negativas, essas tendo como base somente a liberdade individual e econômica de se fazer o que bem quiser. Ora, será que sou livre e o outro realmente é livre, somente pelo fato de nos engalfinhar em busca de dinheiro e acumulação de riquezas, mesmo que isso venha custar o emprego do outro, ou até o meu, no futuro? Não há liberdade de verdade, sem pão, sem água, sem cama, sem casa e sem trabalho. Não há liberdade plena, sem um conceito e deleite de uma dignidade incontornável, subsidiada pelo acesso de todos, às condições básicas de sobrevivência como indivíduo e como conseqüente sociedade humana.

Por que ninguém, ou quase ninguém aborda a liberdade verdadeira ou a democracia social? Por que só as citam, com o viés de expressão e/ou econômico? Será que a liberdade tão almejada pela elite, é a prisão sem grades para as classes mais baixas? Isso é mais que filosófico. Este conceito remete tão ao real, quanto à filosofia e as várias formas de racionalizar, entender e criticar o mundo em que vivemos. E seu motor de arranque, preconizado pelo modal capitalista.

Filosofar e criticar são tão reais, que se trata de legitimar o que não condiz, o que de fato ou de alguma maneira está fora dos padrões da moral e ética da cabeça que o critica, ainda mais, quando isso é mais uma, das poucas, mas consistentes caixas de ressonância de que há algo muito errado, gritante e desumano neste modelo capital. Não precisamos de muito laboratório e ensaio para isso. Ou de sobremaneira científica para compor essa crítica. As ferramentas estão na realidade e em nosso dia-a-dia e superado o momento de vida, em que sempre fomos (e ainda o existe, para muitos), alienados, não resta outra maneira a não ser trabalhar com as ferramentas que seus olhos olham todo santo dia. Na rua, na esquina, em todos os âmbitos da sociedade, dita moderna.

Para operar com este mundo capitalista, e criticá-lo, precisamos sim estudar e buscar sempre a “completa e permanente” conscientização, mas, sobretudo é preciso ponderar e ser crítico da sociedade, de suas estruturas de poder e como ela é forjada a todos, da elite às classes mais desprovidas. As ferramentas, todos nós já temos. Independe fisicamente de visão por si só. Depende incondicionalmente da mente e da capacidade de se comunicar criticamente com o mundo, como se todos nós fôssemos especialistas e críticos profissionais do mundo e de suas contradições. Podemos não ser todos, e nem termos a expertise necessária, para sermos críticos de arte, de cinema, de literatura, de ramos profissionais ou das mais variadas consultorias e áreas. Mas do mundo, somos todos críticos, sim. Alguns já estão com isso na “persona”. Outros potencializados na sombra. Que o diga a Psicologia de Jung.

Somente a crítica desmesurada, com todo o despropósito de uma criança, é que será capaz de nos dar a verdadeira liberdade da livre consciência. Não precisa de tamanha ou nenhuma erudição. Basta ser crítico. Para isso, e como semente, a conscientização e educação popular e conscientizada é passo certo, e a verdadeira ponte para se imaginar e galgar reais mudanças para uma ordem práxis. A mudança começa de dentro, de baixo para cima, para que às mudanças práticas se façam de cima para baixo e de fora para dentro, arregimentando, carregando, arrebatando mentes e corações ao ideário socialista.

É por isso, que faço esse exercício neste ensaio. Aqui sou livre, para pensar, para me projetar, para fomentar de forma despretensiosa, mas muito séria e propositiva. Sou um homem livre e como tal, conscientizo-me como pertença constante e vitalícia à medida que uso das ferramentas críticas, para criticar o modal capitalista e fazer o repensar da práxis, cuja verdadeira implementação, o será com a concepção de um novo pensar do homem e pela aderência e coletivização da idéia e de seu modelo, para sua aplicação prática na sociedade, que ditamos como moderna - quando a olhamos só pela redução e pela ótica da tecnologia e conhecimento, mas rudimentar na democratização das riquezas dessa mesma tecnologia e no usufruto das necessidades advindas desse mesmo conhecimento para todo o povo e toda sociedade.

*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

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