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Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital

Correlação e o Embate Polarizado entre as Classes

Como é que neste ensaio e na vida, tomamos a Práxis pelas entranhas do capital? Sabemos que precisamos orquestrar as forças para a tomada dos meios de Estado e de Produção, suportadas pela educação e condicionamento Behaviorista. Mas precisamos do mais importante: O estopim. A fagulha que acende e explode. Que queima e vocifera o desejo de uma sociedade mais humana.

Certamente - e grosso modo - em uma sociedade que se baseia no autoflagelo e no autoprazer do consumo, essa tarefa de conscientizar o indivíduo e seu coletivo, é quase impossível. Não é impossível de fato, pois isso não se trata de matemática e de nenhuma equação lógica. Mas que é difícil, isso é. Uso de minha ousadia até para falar que se a maioria ou quase todos fossem desprovidos de bens materiais e de consumo, e que fossem desvalidos economicamente e sem emprego em contraposição à sua elite de gritante minoria, seria mais fácil atacar o moribundo. Mas não é bem assim. Tenho certeza que com a classe trabalhadora antiga, principalmente a, do século das Luzes até meados do século XX, essa tarefa seria muito mais exeqüível e viável, visto às precárias condições de trabalho, a vasta condição de falta de isonomia das políticas públicas somado ao movimento de êxodo rural frente à pequena classe média, que gozava de protagonismo às suas benesses econômicas. Hoje, em clima de 2011, caminhamos para um país de classe média. O que contenta os ex-excluídos e descontenta os ex-protagonistas da classe Média. É uma conjuntura nada favorável ao renascimento de comunistas, socialistas, e muito menos anarquistas e libertários. Estamos mais propícios, aos chamados “Social-Democratas”, que flertam com o capitalismo, acreditando na fusão empresarial-social da relação Capital e Trabalho, sendo o primeiro, claro, o sócio-majoritário – para dizer o mínimo – e que dessa forma congela qualquer interesse e retórica arrojada social, essa que logo no primeiro momento é rotulada de radical e, portanto, “ultrapassada e jurássica”, como se referem renomados especialistas e analistas. Como, se fosse estranho, alguém querer defender a bandeira da igualdade social - que claro; precisa passar pela discussão e repartição da terra em detrimento dos grandes latifúndios e da renda, o que “cerceará” a liberdade de quem acha que este conceito, é sinônimo de ter dinheiro e fazer o que quiser com impactos sempre auspiciosos e lucrativos à aristocracia agrária e principalmente ao grande empresariado e aos jogadores contendores do capital financeiro. Só que a Social Democracia não resolve, e muito mal, será o mitigador do nefasto capital que nunca é vincenda na mão e mente do homem. No máximo, ela fará apenas concessões calculadas e articuladas com os financiadores do capital, dando certos alentos e compensações, que nada ajudam à conscientização, às liberdades positivas e a construção crítica de um novo ser.

Portanto, descartando a Social Democracia como elemento e instrumento de segurança para o provimento da verdadeira liberdade e suas positividades, definitivamente, esse não é o caminho para se dar isonomia ao povo e à sociedade em vistas dela se tornar uma coesa comunidade. Por isso, é vital à procura da fagulha e do pavio para um estopim, que venham criar uma consciência crítica coletiva para tal mudança, para a tomada da práxis.

A linha entre a classe média que engordará cada vez mais e se estagnará com seu fronteiriço com o grande capital e de sua elite, será o início - talvez - deste estopim. À medida que a renda do grande capital crescer em potências muito menores do que a das classes mais baixas, o padrão de estabilidade sofrerá sobressaltos e talvez esses percalços sejam o ápice que esteja se esperando para se criar à consciência crítica. Talvez. Uma vez que temos uma classe média conservadora, esse talvez se justifique. Mas o homem, psicologicamente quer sempre mais. E nisso, Marx, pode ver sua profecia se cumprir, quando o capital estaria neste cenário ensaiado, sendo destronado por seu filho – sua maior contradição: O proletariado.

Ao julgar por este exercício ou talvez por essa “sina” dialética, verificamos que a barreira para se chegar a uma isonomia se finca pelo embate e combate de idéias e revolução de necessidades do homem, para com outro homem. E se tivermos esse momento aclamado pelo embate do homem elite e o homem classe média? Se desse confronto, nascer o tão esperado estopim? E se desse confronto, nascer pela luta e costela do próprio homem, o “homem-práxis’, assim como, a “mulher-práxis”.
O fato legado por Marx, que o mundo realmente foi e o será, movido pela luta de classes – como preconiza o materialismo histórico e a sua dinâmica e evolução histórica, pela dialética; é fato histórico, é ponto pacífico até para os dias capitais de hoje. Onde tudo parece alienado, e a maioria quer nada mais do que o seu conforto e de sua família, balizado por seu consumo e por mais e mais oportunidades; chegará o momento “clássico” que a choldra capitaneada pela classe média, chocará com o seu sonho e verdadeiro sonho de consumo e de status – à classe burguesa, que é, porém, sua elite.

O status quo da classe média, o atende hoje, por questões de conveniência e de sensação de bem-estar social e econômico, mas ele logo irá perceber que a entrada da mina não mais lhe convém, e que na matriz dessa mesma mina, tem mais, o que forçará a se chocar, sem contornos e subterfúgios, com o status perseguido, hoje consumado pela elite econômica.

Essa contenda pode até em escala temporal, perdurar a acontecer. Mas acontecerá. De um lado, uma classe que aprendeu a conviver e a comer dos frutos da economia, que está afiando seus dentes, em busca e ascendência de novos e maiores frutos. De outra, com presas cintilantes e cortantes, a elite, que buscará a todo e qualquer custo, manter sua estrutura de status, poder e influência. A fagulha será essa. O pavio ainda longo, não o será por tempo indeterminado. Será vincenda. Uma hora sucumbirá todo o seu fio para então, explodir. A pólvora e brasa-fogo da fagulha são inexoráveis para a queima. O caminho do fio para tal, o tempo, tem sempre seu fim. A fagulha não responde à pressa. Só queima, igual à dialética. Como queima a correlação constante e ininterrupta entre classes, o que sempre foi, e será o motor da história e de sua honrosa evolução.

*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

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