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Ensaio: A tomada da Práxis pelas entranhas do Capital

A tomada dos Meios de Comunicação por instrumentos e Jornais Progressistas

A tomada da Práxis se dá pela educação e educação popular e pelo condicionamento Behaviorista, que aqui chamamos de Condicionamento Sócio-Crítico. O pavio do estopim advém da correlação de forças entre às classes Baixas, incipientes, articuladas à classe média contra as classes de alto poder aquisitivo. Mas, como aborda Gramsci, é imprescindível a tomada do Bloco Hegemônico. De extrema e vital importância a tomada dos Meios de Comunicação de Massa, assim, como a partir dos Intelectuais e Artistas, orgânicos, à tomada da Cultura vigente.

Para se corroborar com a Cultura, é preciso tomar os Meios de Comunicação. Minha alusão aqui citada, não é (mais uma vez), tomar pela força, pois de nada adiantaria isso, sem criar uma consciência e cultura para se alicerçar a práxis na sociedade. A tomada, sem uso da força, mas com agressividade cultural e intelectual, tem que ser feita utilizando-se de um meio de comunicação com trânsito pelas vias tradicionais que venha fazer frente ao conglomerado de meios tradicionais e conservadores, sobretudo burgueses. Independente e apesar da natureza inclusiva e democrática da mídia eletrônica e internet, é preciso usar da mídia impressa, ainda muito valorizada e acessível ao tradicionalismo das pessoas e leitores. Para se embater na opinião pública conservadora e burguesa, é preciso se entranhar no ambiente comum de mercado e processo produtivo de comunicação e informação da chamada imprensa “profissional e independente”. É preciso tomá-las pelas suas entranhas. É preciso, e se faz recorrente, usar dos mesmos métodos e padrões, para se criar um agência ou mídia de informação, que se contraponha com força, altivez e principalmente, credibilidade às informações, que hoje são passadas de forma articulada pelos grandes meios e visam, paulatinamente, criar uma consciência acrítica de alienação dos leitores. É preciso fazer o contraponto, mas para isso, será preciso ter poderio econômico - e tome isso agravado - ainda mais, pelas extensas e eternas dimensões do Brasil.

Ao desmontar com o uso das ferramentas críticas da realidade, pertinente a todos, à retórica da imprensa tradicional, independente e profissional, observamos que por meio da análise da informação e com base nas teorias e estudos de comunicação, não temos, somente, uma objetividade comunicativa, com base somente em dados e fatos apurados fidedignamente. Não quero aqui registrar que há inverdades deliberadas e sim que, por trás de qualquer informação, meio e finalidade de se comunicar, há uma identidade, um discurso e uma ideologia no que se fala, ou se pretende falar do “emissor” ao “receptor”, assim em como todo meio circundante da sociedade civil, que forma no conjunto e consolida, à opinião pública.

Essas intrínsecas informações, não são claramente e explicitamente, colocadas no texto objetivo e técnico de imprensa, pelo contrário, incorrem de forma subjetiva no texto. Por mais que o texto se proponha a focar e explanar somente o fato, mesmo assim, o seu autor, jornalista, editor, colocam ali sua ideologia, seu discurso, o que gera ou não uma identidade com o leitor, que de fato, completa o ciclo da comunicação. Em suma, não existe “isenção” na comunicação, fidedignamente, segura.

Voltemos à nossa pauta, a tomada dos Meios de Comunicação, e constatamos o quão é importante fazer se conhecer, fluir suas idéias, e usar da comunicação, para informar, esclarecer, debater. Principalmente o que todos querem – a mais preciosa jóia da coroa da sociedade civil – A formação de opinião de uma sociedade.

Com um grande meio progressista entranhado no mercado de mídia, comunicação e informação, pode-se, decerto, caminhar para mais um sustentáculo da consciência, em prol das liberdades positivas, de isonomia social, e da garantia real dos direitos e vida digna, com saúde, educação, segurança, emprego, formação continuada e renda e acesso e democratização à cultura. Como é possível conscientizar um indivíduo para sua crítica e atuação em prol de políticas públicas progressistas, se o mesmo é achacado intelectualmente, com o condicionamento acrítico social de meios de comunicação conservadores e que defendem com unhas e dentes seus interesses e sua classe burguesa? Convenhamos sempre lembrar, que antes de qualquer coisa, essas empresas são empresas privadas, orquestradas com outras empresas de mídia, privadas, que, portanto, demonstram um “interesse público” em comum, em informar, mas, na verdade o que rege sua tomada de decisão e linha informativa e “crítica”, são seus interesses. Presente e constante lucro, doravante formação da opinião pública com base em seus interesses, que não só, o lucro.

Vale ressaltar, que o referido exercício, não quer achacar e nem tomar com virulência, os meios de comunicação, hoje existentes. E sim, exercitar a ideia de que para se criar um embate com seu adversário, é preciso estar no mesmo plano. Entranhar-se e disputar com outrem, espaços estratégicos, além é claro, de se contrapor às mídias conservadoras no dia-a-dia. Só assim, poderá se regar a semente da presente geração, além de sustentar toda uma formação advinda da educação popular e reforçar o caráter condicionante, do condicionamento sócio-crítico, de modo a evitar um pulo e mergulho desta no breu da alienação.

Hoje, em 2011, se tem notícia de iniciativas boas e consistentes, de peso acadêmico e popular, mas que ainda não conseguem disputar o dia-a-dia da comunicação, como faz os grandes meios conservadores, de modo que não há uma contraposição no nível de embate crítico entre as notícias, informações e fatos veiculados, diariamente nas grandes mídias impressas. Principalmente, no que mais interessa: A pauta e a agenda política e econômica. Os leitores ficam somente com um lado da moeda, como se lessem a realidade, somente por um lado ou extremidade do cérebro, e abnegando totalmente os outros, respectivamente.

Com a apuração crítica de um indivíduo regado pela educação popular, que teve um condicionamento social e crítico como legado e que é regozijado pela cultura e intelectualidade vigente e pela sua linha de visão ao dia-a-dia da comunicação com meios de imprensa progressista, seja no âmbito abrangente e nos diversos canais de informação, principalmente, e, sobretudo do da mídia impressa, com a capilaridade compatível à extensão de toda nação, será mais fácil ativar o campo crítico da consciência social e política deste, e fazê-lo dotar de posses e ferramentas, à sua articulação com o outro, com o grupo e com o coletivo e parte da sociedade civil. Se não conjecturará e se realizará de fato, a práxis de imediato – o que de fato não ocorrerá - com toda certeza, se terá uma agressiva força de contraponto à ideologia, por assim dizer, acrítica às massas, mas crítica e conveniente à classe burguesa dominante, afinal, para que se preocupar forçosamente com outras esferas do poder, se o da comunicação é o maior deles?

*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ

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