SOU CONDOR
(Poema já publicado aqui, neste Blog, mas o mesmo se encontra revisado na publicação abaixo).
Sou o condor da lareira,
Sou o fogo que cospe a fumaça desta beira,
Sou o albatroz, vejo, de cima, o que está abaixo de vós,
E o que está nesta pirambeira.
Sou a águia que bica a si mesma e encontra mais garras e asas,
Que se reconstrói no velho e renova suas alçadas.
Sou o mesmo condor que olha para o seio social,
E, em meio ao desencanto, toma a terra como a sua natal,
Se indigna na dor, na chuva e no desleixo dos governantes, nesta cela mortal.
Sou o que grita, sem gente, o que apanha como delinquente,
O que clama por justiça ao povo latente, e ao povo, mormente.
Sou o que grita enjaulado, com fome e com sede de macho.
Sou o que não se contenta com pouco, com esmolas, com pena e tampouco
Ao não ter nada e ao ver meus irmãos em palafitas desta fragata,
Em ver lixo disputado como alimento nas calçadas,
Em ver indiferença da gente que não olha para nada,
E cruza ao longe deste povo de mortalha.
Sou mais e mais condor, quando vejo ninguém fazendo nada,
Para quem não olha de forma digna para quem lhes fala,
E nem se importa em meio ao que tem de tanta coisa farta,
E não se sensibiliza e não toma conhecimento desta realidade que me mata,
E para de pensar; se não há pensar, não há agir, é viés do nada.
Sou condoreiro, sou uma espécie de mosqueteiro.
Pena que sou poucos, em milhares de desordeiros,
E dos homens de bem, cuja audácia lhes falta em seus meios.
Sou condor, sou condor, sou condor,
Vou voando no horizonte com dor, até meus rasantes me impressionarem,
E enquanto meu ciclo de vida permitir, e enquanto as desigualdades imperarem,
Espero a cada amanhecer que o condor se transforme em revoada ao longo dos mares,
E que em cada ninhada, tenhamos menos cobras e mais águias,
Que tenhamos mais albatrozes e mais condores e menos cigarras,
Para lutar por todos e pelos valores da ética,
E não só por futebol, carnavais e fanfarras, que, ainda sim, excluem as massas,
Mas para lutar também por desonrosas demagogias e suas farsas,
E escusas ações no trato da coisa pública, que ajuízam-lhe como suas casas,
E nos atos em bem próprio somente do indivíduo e de sua laia,
Que é inflado e alimentado por suas pífias bravatas.
Que o condor seja realmente mais revoada frente à sociedade,
Que não seja o único e fumaça, que seja sempre conjunto e fogo em brasa,
Que seja condor realmente na dor e não-ação do povo,
E não somente nas aspirações de uma vanguarda.
Diego Fonseca Dantas
9/04/2010
*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ
(Poema já publicado aqui, neste Blog, mas o mesmo se encontra revisado na publicação abaixo).
Sou o condor da lareira,
Sou o fogo que cospe a fumaça desta beira,
Sou o albatroz, vejo, de cima, o que está abaixo de vós,
E o que está nesta pirambeira.
Sou a águia que bica a si mesma e encontra mais garras e asas,
Que se reconstrói no velho e renova suas alçadas.
Sou o mesmo condor que olha para o seio social,
E, em meio ao desencanto, toma a terra como a sua natal,
Se indigna na dor, na chuva e no desleixo dos governantes, nesta cela mortal.
Sou o que grita, sem gente, o que apanha como delinquente,
O que clama por justiça ao povo latente, e ao povo, mormente.
Sou o que grita enjaulado, com fome e com sede de macho.
Sou o que não se contenta com pouco, com esmolas, com pena e tampouco
Ao não ter nada e ao ver meus irmãos em palafitas desta fragata,
Em ver lixo disputado como alimento nas calçadas,
Em ver indiferença da gente que não olha para nada,
E cruza ao longe deste povo de mortalha.
Sou mais e mais condor, quando vejo ninguém fazendo nada,
Para quem não olha de forma digna para quem lhes fala,
E nem se importa em meio ao que tem de tanta coisa farta,
E não se sensibiliza e não toma conhecimento desta realidade que me mata,
E para de pensar; se não há pensar, não há agir, é viés do nada.
Sou condoreiro, sou uma espécie de mosqueteiro.
Pena que sou poucos, em milhares de desordeiros,
E dos homens de bem, cuja audácia lhes falta em seus meios.
Sou condor, sou condor, sou condor,
Vou voando no horizonte com dor, até meus rasantes me impressionarem,
E enquanto meu ciclo de vida permitir, e enquanto as desigualdades imperarem,
Espero a cada amanhecer que o condor se transforme em revoada ao longo dos mares,
E que em cada ninhada, tenhamos menos cobras e mais águias,
Que tenhamos mais albatrozes e mais condores e menos cigarras,
Para lutar por todos e pelos valores da ética,
E não só por futebol, carnavais e fanfarras, que, ainda sim, excluem as massas,
Mas para lutar também por desonrosas demagogias e suas farsas,
E escusas ações no trato da coisa pública, que ajuízam-lhe como suas casas,
E nos atos em bem próprio somente do indivíduo e de sua laia,
Que é inflado e alimentado por suas pífias bravatas.
Que o condor seja realmente mais revoada frente à sociedade,
Que não seja o único e fumaça, que seja sempre conjunto e fogo em brasa,
Que seja condor realmente na dor e não-ação do povo,
E não somente nas aspirações de uma vanguarda.
Diego Fonseca Dantas
9/04/2010
*Registrado no escritório dos Direitos Autorais da Biblioteca Nacional - RJ
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