A visita de Barack Obama neste último final de semana coloca todos os holofotes e a pesada tarimba da mídia e elite política e econômica na correria desenfreada e no reluzir do vácuo da passagem pelo tapete vermelho estendido ao homem mais poderoso do mundo pelo Brasil: Brasília na chegada, e pelo Rio, até sua despedida nesta manhã de segunda. Vale tudo para aparecer nos holofotes do dono da cadeira na Casa Branca. Vale tudo para parecer estar nesses holofotes, mesmo que no vácuo.
O que faz o mandatário da nação mais rica e poderosa do planeta – mas em recessiva curva econômica após a crise de 2008 – baixar nas terras tupiniquins, em plena crise política após a “grande surra” absorvida por ele nas eleições parlamentares no final do ano passado, e com vias de uma guerra na Líbia batendo à sua porta? Aliar-se e tratar o Brasil em iguais termos? Apoiar a soberania do Brasil para o pleito no assento permanente do Conselho de Segurança da ONU? Destravar todos os mecanismos protecionistas e barreiras comerciais e bitributárias entre o a taberna brasileira e americana? Colaborar com políticas monetárias e fiscais em seu combate à crise para recuperar o setor produtivo e evitar desequilíbrios cambiais para o Brasil e Mundo com a reconsideração de medidas “tudo-ou-nada”, já realizadas, como à injeção de 600 bilhões na economia? Nada disso, todas as respostas erradas nesta prova de análise da conjuntura. Toda essa pauta, amplamente divulgada na mídia impressa e eletrônica, sugere a mesma retórica, e pano de frente, de qualquer visita e interação da diplomacia e política entre quaisquer duas nações.
Frentes, como a assinatura de 10 acordos bilaterais, como tantos outros que já que tiveram Brasil e EUA, como signatários, têm pouco ou nada de ação e efeito prático. O que Obama veio mesmo fazer é angariar força política e de quebra conseguir ganhos econômicos para sua nação, não necessariamente, numa relação “ganha-ganha”, EUA – Brasil, mas numa relação de doravante ganho para os EUA e poucas concessões para o Brasil, principalmente com a grande maioria do Congresso Americano, tomado desde o ano passado pelos republicanos, cujas peças de manobra - para articular e negociar - , são reduzidas a poucas e calculadas concessões no tabuleiro. Ainda mais em uma conjuntura, onde o chefe de estado é um democrata, e cujas pretensões, já entraram no campo das estratégias para eleições presidenciais de 2012.
Com seu grande porte político, seu carisma, e o poder institucional que o cargo lhe proporciona, e munido, ainda, da inteligência e estratégia da Casa Branca, Obama, pretende obter dois dividendos em curto e médio prazo: o político, com o reforço de prestígio e upgrade da sua imagem como presidente dos EUA a partir de ganhos (ou pelo menos a comunicação de supostos ganhos) - em relações comerciais e econômicas com o Brasil, diga-se de passagem, em crescimento pujante, do PIB em 7,5% em 2010, e que crescerá em níveis menores, mas sustentáveis neste ano; e o econômico, visando com olhos de “águia” as oportunidades e as ‘taxas de atratividade” e de retorno dos investimentos já negociados e a serem feitos no país nos campos de energia e pré-sal, e na segurança e infraestrutura da Copa 2014 e Olimpíadas Rio 2016. Dois coelhos numa tacada, só.
Ensaiando uma análise de conjuntura, onde a Arábia e o Norte da África passam por tornados políticos, onde a Europa - com mínima e robusta exceção de Alemanha e França - passa por quebras econômicas como as ocorridas na Grécia e Irlanda; com os fortes subsídios e empréstimos da União Européia a Portugal, já na berlinda, e com o consequente aumento de riscos em suas plataformas financeiras, além do tênue e pesado endividamento público de tais e demais nações da UE - sendo a bola da vez agora - a Espanha, não é difícil perceber que a margem de manobra política do chefe da Casa Branca para recuperar seu prestígio - na carona do levante de sua economia -, passa pelo mesmo déficit e desmonte, desses desdobramentos advindos da crise financeira desde 2008 – quase nada e com baixa alavancagem.
Como o cacife crescente da China, hoje, já ocupando a segunda economia mundial, e as dificuldades econômico-financeiras do Japão, agravado por esta última catástrofe natural, o único Porto Seguro para a retomada dos EUA, com a força de que gozava antes de seu poder político-econômico, que passa substancialmente pela recuperação e arranque econômico, é o Brasil, que se credencia como uma nova força no cenário internacional, como uma democracia estável (apesar de seus hercúleos gargalos e pífios indicadores sociais), e com grande crescimento econômico, além do melhor, o espaço para crescer e fôlego continental para se desenvolver. Afinal, grande parte do derretimento do dólar e dos U$ 600 bilhões está desaguando no Brasil (somente até Março deste ano, já entraram mais de U$ 30 bilhões, mais de 25% do total de 2010). Seguindo este raciocínio, que bom seria para Obama e EUA, se esse desagúe promovesse a corrente de volta com as remessas líquidas dos lucros dos investimentos no Brasil, a partir da motivação produtiva das empresas americanas, ávidas, por este mercado contínuo, lucrativo e reluzente como o Brasil. Com todo um conglomerado a favor: estratosféricos recursos naturais, mão-de-obra de chão de fábrica, democracia estável, investimentos financeiros da América atraídos pela taxa de juros que demorarão a baixar (e eles sabem disso, portanto, dessa dependência da poupança externa), e de quebra, a porta aberta pelo Brasil. Tudo e todo reflexo político e popularidade, advém de uma única coisa: bem-estar econômico.
A julgar por essa via, a economia gira, o presidente se reelege, sua aprovação popular ascende e os EUA ganham. Quanto ao Brasil e América Latina? Ambos ganham, mas na medida certa da muleta, de forma a não atrapalhar a recuperação dos EUA. E o primeiro presidente negro da nação mais poderosa do mundo está apostando alto, e as últimas fichas do seu carisma nesse projeto. “Tomara” que o Brasil - como declarado oficialmente e, como consta nos “termos” - seja tratado de fato “de igual para igual”, e não seja um recurso passageiro e sem reconhecimento de outrora e dantes - só para citar um exemplo -, como o foi na participação da Segunda Guerra Mundial e no seu presente até os dias de hoje, com a representação de instância temporária, como é o tipo de assento visitado hoje pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
O que faz o mandatário da nação mais rica e poderosa do planeta – mas em recessiva curva econômica após a crise de 2008 – baixar nas terras tupiniquins, em plena crise política após a “grande surra” absorvida por ele nas eleições parlamentares no final do ano passado, e com vias de uma guerra na Líbia batendo à sua porta? Aliar-se e tratar o Brasil em iguais termos? Apoiar a soberania do Brasil para o pleito no assento permanente do Conselho de Segurança da ONU? Destravar todos os mecanismos protecionistas e barreiras comerciais e bitributárias entre o a taberna brasileira e americana? Colaborar com políticas monetárias e fiscais em seu combate à crise para recuperar o setor produtivo e evitar desequilíbrios cambiais para o Brasil e Mundo com a reconsideração de medidas “tudo-ou-nada”, já realizadas, como à injeção de 600 bilhões na economia? Nada disso, todas as respostas erradas nesta prova de análise da conjuntura. Toda essa pauta, amplamente divulgada na mídia impressa e eletrônica, sugere a mesma retórica, e pano de frente, de qualquer visita e interação da diplomacia e política entre quaisquer duas nações.
Frentes, como a assinatura de 10 acordos bilaterais, como tantos outros que já que tiveram Brasil e EUA, como signatários, têm pouco ou nada de ação e efeito prático. O que Obama veio mesmo fazer é angariar força política e de quebra conseguir ganhos econômicos para sua nação, não necessariamente, numa relação “ganha-ganha”, EUA – Brasil, mas numa relação de doravante ganho para os EUA e poucas concessões para o Brasil, principalmente com a grande maioria do Congresso Americano, tomado desde o ano passado pelos republicanos, cujas peças de manobra - para articular e negociar - , são reduzidas a poucas e calculadas concessões no tabuleiro. Ainda mais em uma conjuntura, onde o chefe de estado é um democrata, e cujas pretensões, já entraram no campo das estratégias para eleições presidenciais de 2012.
Com seu grande porte político, seu carisma, e o poder institucional que o cargo lhe proporciona, e munido, ainda, da inteligência e estratégia da Casa Branca, Obama, pretende obter dois dividendos em curto e médio prazo: o político, com o reforço de prestígio e upgrade da sua imagem como presidente dos EUA a partir de ganhos (ou pelo menos a comunicação de supostos ganhos) - em relações comerciais e econômicas com o Brasil, diga-se de passagem, em crescimento pujante, do PIB em 7,5% em 2010, e que crescerá em níveis menores, mas sustentáveis neste ano; e o econômico, visando com olhos de “águia” as oportunidades e as ‘taxas de atratividade” e de retorno dos investimentos já negociados e a serem feitos no país nos campos de energia e pré-sal, e na segurança e infraestrutura da Copa 2014 e Olimpíadas Rio 2016. Dois coelhos numa tacada, só.
Ensaiando uma análise de conjuntura, onde a Arábia e o Norte da África passam por tornados políticos, onde a Europa - com mínima e robusta exceção de Alemanha e França - passa por quebras econômicas como as ocorridas na Grécia e Irlanda; com os fortes subsídios e empréstimos da União Européia a Portugal, já na berlinda, e com o consequente aumento de riscos em suas plataformas financeiras, além do tênue e pesado endividamento público de tais e demais nações da UE - sendo a bola da vez agora - a Espanha, não é difícil perceber que a margem de manobra política do chefe da Casa Branca para recuperar seu prestígio - na carona do levante de sua economia -, passa pelo mesmo déficit e desmonte, desses desdobramentos advindos da crise financeira desde 2008 – quase nada e com baixa alavancagem.
Como o cacife crescente da China, hoje, já ocupando a segunda economia mundial, e as dificuldades econômico-financeiras do Japão, agravado por esta última catástrofe natural, o único Porto Seguro para a retomada dos EUA, com a força de que gozava antes de seu poder político-econômico, que passa substancialmente pela recuperação e arranque econômico, é o Brasil, que se credencia como uma nova força no cenário internacional, como uma democracia estável (apesar de seus hercúleos gargalos e pífios indicadores sociais), e com grande crescimento econômico, além do melhor, o espaço para crescer e fôlego continental para se desenvolver. Afinal, grande parte do derretimento do dólar e dos U$ 600 bilhões está desaguando no Brasil (somente até Março deste ano, já entraram mais de U$ 30 bilhões, mais de 25% do total de 2010). Seguindo este raciocínio, que bom seria para Obama e EUA, se esse desagúe promovesse a corrente de volta com as remessas líquidas dos lucros dos investimentos no Brasil, a partir da motivação produtiva das empresas americanas, ávidas, por este mercado contínuo, lucrativo e reluzente como o Brasil. Com todo um conglomerado a favor: estratosféricos recursos naturais, mão-de-obra de chão de fábrica, democracia estável, investimentos financeiros da América atraídos pela taxa de juros que demorarão a baixar (e eles sabem disso, portanto, dessa dependência da poupança externa), e de quebra, a porta aberta pelo Brasil. Tudo e todo reflexo político e popularidade, advém de uma única coisa: bem-estar econômico.
A julgar por essa via, a economia gira, o presidente se reelege, sua aprovação popular ascende e os EUA ganham. Quanto ao Brasil e América Latina? Ambos ganham, mas na medida certa da muleta, de forma a não atrapalhar a recuperação dos EUA. E o primeiro presidente negro da nação mais poderosa do mundo está apostando alto, e as últimas fichas do seu carisma nesse projeto. “Tomara” que o Brasil - como declarado oficialmente e, como consta nos “termos” - seja tratado de fato “de igual para igual”, e não seja um recurso passageiro e sem reconhecimento de outrora e dantes - só para citar um exemplo -, como o foi na participação da Segunda Guerra Mundial e no seu presente até os dias de hoje, com a representação de instância temporária, como é o tipo de assento visitado hoje pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
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