Pular para o conteúdo principal

Poema (repostagem): MERCADO DA ALIENAÇÃO

Precisamos de mais tempo,
Para trabalhar o que nos está por dentro,
Trabalhar menos em linha de produção,
Trabalhar só o suficiente,
Sem explorar a alienação.
Ou o que é pior,
Sem alienar à exploração.

Precisamos de tanta coisa,
Mas ao mesmo tempo, básica,
Para o nosso bem-estar,
Nossa dignidade e nossa concha.
Precisamos trabalhar com suficiência,
E não nós, sermos a insuficiência,
Para a nossa sobrevivência de comer,
Dormir, beber e morar com mínimo de decência!

Precisamos sair do exagero e culto ao consumo,
A essa sociedade da produção pela produção.
Da exploração pela exploração,
Do resultado pelo resultado,
E o homem, que já é um coitado,
Cotado na bolsa,
Como antigamente e explícito, no mercado de escravos,
E explorado, pelo outro homem,
Como era também, com o capataz e o capitão do mato,
E, hoje, ao explorado, achacado, pela falta de educação,
Que se reduz a farelo de pão em detritos do lixão
E que reluz ouro para poucos, fartos, empanzinados
E insaciáveis plutocratas deste infinito plantão!
Enquanto o homem continua pregado,
No pregão da exploração,
No mercado onde o homem é explicitamente explorado,
Pelo outro homem, pelo sistema e por sua alienação.

15/03/2011


Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poema: O Analfabeto Político (Bertolt Brecht)

"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo." Bertolt Brecht

Poema: CACAU

CACAU* O cacau Do sul, Da Bahia, Dos ilhéus, De Ilhéus, Dos grapíunas De Itabuna, Minguou. O cacau Antes Era ouro, Que, em todo estado, Sem exceção, Financiou. O cacau, Dono de sabor gostoso, Fruto com poupa e caroços melados, Suco maravilhoso, Que deleita o chocolate, E nos transforma em choco-loucos. Cacau era tudo, E o que foi derrocada dos coronéis, Foi à bancarrota das cidades, Do estado e do povo. Poderia ser a culpa de se ter uma só cultura, Mas, o cacau era economia, Uma Causa, trabalho e ganha-pão, De todos dessa, cacaueira, labuta. Cacau era tudo na região cacaueira, Era muda de riqueza, Hoje, é mudo de tristeza, De uma região, Que deve tudo ao cacau, Sua cultura, arte, paraísos, E turismo cacaueiral, Pelos romances de Jorge, Por tudo que lembra este fruto nobre, Ficará apenas a lembrança, E o gosto dos chocolates de porte, Ficará a esperança do cacau-ouro E da utopia de nova pujança, Seja pelo cacau clonado ou orgânico, Seja p...

Análise: Sobre a conjuntura do Brasil

De saída, se olharmos à conjuntura do Brasil, em meio à crise política do Executivo para com o Legislativo, e a mais agravante, do Executivo para com os representados, o povo e a sociedade civil; podemos elencar vários problemas. Em primeiro, há a questão econômica, que não obstante os recentes aumentos nos serviços básicos (transporte, gasolina e luz) e na alimentação, que já colocam o IPCA na casa dos quase 8% no período acumulado dos últimos doze meses, além do aumento da taxa básica de juros da economia (12,75%), já influem no humor, sobretudo, da classe média, cada vez mais conservadora, e ávida por manter o que conquistou nos últimos 12 anos. Em segundo, há a propaganda diária negativa com os casos de corrupção envolvendo a maior estatal brasileira, a Petrobrás. A perda ou a sensação de perda de bem-estar econômico desta classe média e da sociedade em geral, somada à massificação desta comunicação negativa, dão a impressão para o cidadão comum, se me permitem à seguinte tra...