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Poema: POETA QUE SANGRA

O poeta que sangra
É o mesmo que em cama
Sai das escuras e reconhece a quem ama.

O poeta das ruas
É o mesmo que some.
Da luz dos postes,
Da lua dos homens
E do céu resplendor
Que em sua saga, o desonra!

O poeta que canta
É o mesmo que teoriza,
Que pratica em vida corrida
Sua crista de vida cristã de quem já se foi.
E por isso, mesmo, se sagra sacripanta.

O poeta recolhido
É o mesmo fingidor
Que sobressai-se
Em tudo,
Menos na vida
Que não o aceitou.

O poeta escondido
É o poeta banido
Das escuras que “ilumiam” o bandido.
O malandro que percorre o gueto
Para o desespero dos que andam
Inocentes, desconfiados de sua ciência
De quem ainda não aprendeu a realidade que urge a gente.
E que por outrora, e agora já o embalsamou.

O poeta das noites
É o coice do dia afoito
Para quem a foice
O decepa e degola
À luz do dia em pleno sabor.

O cancioneiro das palavras encaixadas,
Trovador sem violão das degolas da alma,
Paixão vivida a mil
Sem detalhes,
Mas com todo e o tudo!
Que a tudo encarna
Em todo, desencarna e mata!

O poeta das palavras,
Das letras algemadas
Da liberdade da alma
Que é sua arma de besta e de espada
Para a sangria corrente de quem o leu e escutou.

03/01/2012

Copyright © 2011 Diego Fonseca Dantas

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